O ano de 2021 entrou para a história da Dexco. A companhia especializada em produtos para decoração e revestimento registrou recordes de faturamento (R$ 8,1 bilhões), lucro (R$ 1,1 bilhão) e ebitda (R$ 2,2 bilhões). Números superlativos conquistados com aposta no portfólio das marcas Duratex, Durafloor, Ceusa, Hydra, Portinari, Deca e Castelatto. Apesar do momento ímpar em 70 anos de atuação, o presidente da Dexco, Antonio Joaquim de Oliveira, acredita que nem tudo é motivo para comemoração. Temas como eleições, economia brasileira e guerra entre Rússia e Ucrânia são vistos como possíveis entraves para a retomada do crescimento e consequente desenvolvimento do País.

Oliveira revela-se “um pouco cético” em relação às reformas prometidas pelo governo federal, mas que não mostraram avanço. Uma delas foi a reforma trabalhista, iniciada ainda no governo Michel Temer. “Precisamos de uma reforma política, avançar na reforma fiscal. O problema é que não sinto ambiente para isso”, afirmou, ao destacar que 2022 será “um ano em branco” em relação aos temas. “Teremos de aguardar o resultado das eleições para começar a trabalhar de novo. É um pouco triste isso. Desanima um pouco como cidadão.”

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Ao analisar a situação do ponto de vista empresarial o presidente afirmou que as companhias são fortes e estão acostumadas a turbulências. No caso da Dexco, a busca é por negócios que tenham fundamentos sólidos de demanda, de custos. “Procuramos ser o mais competitivos em custo para estarmos preparados para essas turbulências, mas eu não sei o que mais pode vir depois de uma pandemia e de uma guerra.

”Uma coisa, no entanto, é certa: a preocupação com os rumos da economia. Apesar de destacar o “grande trabalho” realizado pelo Banco Central, Oliveira classifica como “muito fracos” os trabalhos no âmbito do Ministério da Fazenda, do Congresso Nacional e do governo federal. “Esse aspecto é preocupante. O Brasil vem há muitos anos numa rota um pouco errática. Sem um plano de longo prazo.” A falta de planejamento é a que mais causa apreensão. “Na Dexco o plano mínimo é de cinco anos. Sei quais projetos serão priorizados, o destino dos investimentos, onde ocorrerá a construção”, disse. O plano é revisado ano a ano, mas a espinha dorsal é mantida. “Já quando se olha o Brasil, não se vê um plano de médio ou longo prazo. Não existe plano de governo, plano de projeto.”

As críticas seguem. Regulações fiscais “caóticas”, incentivos difusos, regulação excessiva e um ambiente de negócios nada amigável, na visão dele, desestimulam o investidor estrangeiro.

“Temos grande mercado interno, uma enorme fronteira marítima. Teríamos tudo para atrair muito capital. O Brasil é um país de custos elevados para você estabelecer e manter companhias. O custos fixos são elevados quando comparados aos de outros países”, afirmou o executivo, ao destacar também a necessidade de investir em infraestrutura. “Temos de caminhar muito. Melhorar estradas, portos. Acho que infraestrutura e arcabouço fiscal e legal são os dois grandes nichos do nosso país para negócios.”