O Deutsche Bank, hoje um banco de elite no Brasil, com apenas 450 contas correntes, está entrando no varejo. Não para competir com Bradesco e Itaú, mas para lutar por uma das fatias mais rentáveis do mercado, a da classe média alta, hoje disputada por outros estrangeiros como Citibank, BankBoston e Lloyds. Seu alvo é um universo de 4 milhões de brasileiros com renda mensal superior a R$ 5 mil e capacidade de acumular investimentos na faixa dos R$ 50 mil. Um público qualificado demais para os bancos populares, mas sem cacife suficiente para ser atendido por private banks. A meta é conquistar 30 mil clientes até o final do ano.

O instrumento do Deutsche para a invasão é o Maxblue, um banco que não será apresentado como banco. Ele atenderá os clientes principalmente pela Internet. Sua agência, ou ?espaço financeiro?, não terá caixas nem filas. Será um espaço high tech, ao estilo do prédio da Nasdaq, em Nova York, onde os clientes poderão falar com os gerentes ? mas terá basicamente a função de uma vitrine. ?A imagem tradicional do banco, com suas filas, é muito negativa. Criamos a agência do futuro, com ênfase em tecnologia e bem-estar do cliente?, diz João Adamo Júnior, diretor do MaxBlue brasileiro.

?O crescimento da classe média foi determinante para a decisão de entrarmos no Brasil?, explica Manuel Mejía-Aoun, CEO do MaxBlue (que também existe na Alemanha e Espanha). O problema é que outros concorrentes chegaram primeiro. ?Nosso modelo está sendo copiado, mas estamos tranqüilos?, desdenha Odilon Almeida, vice-presidente do BankBoston, que tem lojas de investimentos chamadas Boston Invest no estilo do MaxBlue. O segmento também atrai o Citibank, o Itaú (com a marca Personalité), o Alfa e o House of Lloyds, do banco inglês Lloyds. ?É um dos segmentos mais rentáveis e também o pior atendido pelos bancos. Eles perceberam isso e estão correndo atrás do prejuízo?, diz Rodrigo Aranha, vice-presidente do Lloyds.