Os esforços da Austrália para proteger a Grande Barreira de Coral são “sem precedentes”, mas devem ser intensificados para evitar que a área seja colocada entre os Patrimônios Mundiais “em perigo”, de acordo com um relatório da Unesco divulgado nesta segunda-feira (28).

Segundo dois especialistas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN, na sigla em inglês), a deterioração deste local continua devido aos efeitos combinados do aquecimento global e da poluição ligada à agricultura e pesca.

Segundo especialistas, “apesar dos esforços científicos e de gestão sem precedentes nos últimos anos” realizados pela Austrália, este local “foi significativamente afetado por fatores de mudança climática”.

Sua capacidade de resistir a estes impactos encontra-se “significativamente comprometida”, embora não exclusivamente, principalmente devido à degradação da qualidade da água.

O conjunto de medidas e projetos para enfrentar o problema carece de “objetivos claros” e “não tem sido plenamente aplicado”.

Segundo os autores do relatório, “embora tenham sido feitos esforços significativos para reduzir o escoamento de nitratos e fosfatos (…), é necessário garantir uma nova redução desses poluentes nos próximos três anos que seja equivalente à alcançada desde 2009”.

Em julho de 2021, a Austrália impediu a Unesco de inscrever a Grande Barreira de Coral em sua lista de Patrimônio Mundial em Perigo, apesar das preocupações da comunidade científica sobre a deterioração desse ecossistema único.

O Comitê do Patrimônio Mundial decidiu adiar essa decisão, após intensa pressão da Austrália.

Os membros do comitê, inclusos China, Rússia e Arábia Saudita, sentiram que a Camberra deveria ter mais tempo para fazer um levantamento de seus esforços de conservação.

“Há um diálogo construtivo em andamento com o atual governo” do primeiro-ministro Anthony Albanese, afirma a Unesco à AFP.

“Existe um caminho estreito para salvar a Grande Barreira de Coral, mas existe. Uma ação enérgica tomada rapidamente pode surtir efeito. Este relatório é uma proposta de roteiro para as autoridades australianas que devem decidir o que fazer com ele e, acima de tudo, mostrar resultados”, destacou uma fonte próxima ao assunto.

A próxima reunião do Comitê da Unesco está prevista, a princípio, para meados de 2023. Os primeiros resultados das medidas adotadas poderão ser avaliados nesta reunião.