No domingo (5), o indigenista brasileiro Bruno Pereira (esq.) e o jornalista inglês Dom Phillips desapareceram a caminho da cidade de Atalaia do Norte (AM), no extremo sudoeste do Amazonas. O lugar é o clássico fim de mundo: fica a mais de 1 mil quilômetros de Manaus, tem apenas 20 mil habitantes, PIB per capita de R$ 7,5 mil (sim, por ano) e apenas dois terços das crianças de 6 a 14 anos estudam — nesse quesito ocupa a posição 5.558 dos 5.570 munícipios brasileiros. Quem vai querer estar num lugar desses ao qual nem o Estado cuida? Bem, toda sorte de bandidagem, como madeireiros ilegais, garimpeiros ilegais e pescadores-caçadores ilegais, além de traficantes que escoam drogas via fronteiras próxima com Peru e Colômbia para o Acre e dali para o restante do Brasil. A dupla havia recebido ameaças por expor os crimes e a invasão de terras dos índios, numa região com a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo. O desaparecimento tem tudo para se tornar outro vexame global para a imagem do Brasil, já que Phillips é colaborador de longa data do tradicional jornal londrino The Guardian. “Crescem os temores sobre a segurança do jornalista e do especialista indígena brasileiro que desapareceram poucos dias depois de receber ameaças”, afirmou reportagem do jornal. “Phillips, 57 anos, que está trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson, mora em Salvador e faz reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para jornais como The Guardian, The Washington Post, The New York Times e Financial Times.”

AGENDA INTERNACIONAL
O Brasil e a OCDE

Mateus Bonomi

Na luta para emplacar o Brasil na OCDE — que poderia dar um incremento de 0,4% ao PIB por ano, segundo dados do Ipea — estava prevista a ida dos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia) a Paris para a Reunião do Conselho da entidade. O tema, prioritário na agenda do presidente Jair Bolsonaro, não é prioritário na da OCDE. Na agenda oficial, questões ambientais e a África ocupam espaço, mas nada de Brasil. Em janeiro, a organização já havia enviado uma lista de requisitos para quem deseja fazer a adesão, que não tem prazo. Ela determina a avaliação rigorosa por mais de 20 comitês do alinhamento do país candidato com as políticas e práticas da OCDE — e estas incluem “os valores da democracia, o estado de direito e a proteção dos direitos humanos” além de “combater as mudanças climáticas, incluindo deter e reverter a perda de biodiversidade e o desmatamento”. Não parece que o Brasil atual passe por esses crivos. Nos mesmos dias, Bolsonaro estava envolvido com a Cúpula das Américas, tendo encontro previsto com o americano Joe Biden. O evento, boicotado por México e outros países centro-americanos, foi uma prova à liderança regional de Biden.

COPA DO MUNDO
US$ 440 milhões para trabalhadores

Para compensar as situações degradantes em que milhares de trabalhadores, imigrantes, atuaram na construção de estádios e da infraestrutura para a Copa do Mundo de futebol masculino do Qatar, que será disputada no final do ano, a Anistia Internacional (junto de outros grupos de direitos humanos) encabeçou o envio de uma carta aberta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, pedindo que a entidade reserve pelo menos o pagamento de US$ 440 milhões para indenizar trabalhadores ou suas famílias. “A Fifa e o Qatar não protegeram os trabalhadores imigrantes, essenciais para a Copa do Mundo de 2022, mas podem agir para indenizar aqueles que foram gravemente afetados e as famílias dos muitos que morreram”, afirmou Minky Worden, diretora da Human Rights Watch, outra entidade que assina o relatório. O valor é o mesmo que a Fifa destinará às seleções participantes do torneio.

Michel Gangne

“Se dou pão aos pobres, me chamam de santo. Se pergunto por que são pobres, me chamam de comunista” Dom Hélder Câmara (1909-1999) Arcebispo brasileiro.

FUTEBOL & JUSTIÇA
Suíça julga Michel Platini eJosef Blatter

Para quem acompanha futebol, estes dois nomes sempre remeteram a fama, poder e dinheiro. Michel Platini (esq.), ex-jogador e ídolo francês, presidiu a Uefa entre 2007 e fim de 2015. Já o suíço Joseph Blatter foi o todo-poderoso chefe da Fifa entre 1998 e 2015. Os dois foram banidos do futebol há sete anos por acusações de fraude e pagamentos de propina. O julgamento de ambos começou na qu arta-feira (8), na Suíça. Eles são acusados pelo Ministério Público do país de desviar US$ 2 milhões da Fifa para os bolsos de Platini. Se condenados, podem pegar até cinco anos de prisão ou pagamento de multas.

BOLSONARO enfezado
Presidente tem crise de incontinência verbal

Isac Nobrega

Na terça-feira (7), o STF manteve por 3 votos a 2 a cassação do mandato do deputado estadual do Paraná Fernando Francischini. O parlamentar afirmou sem provas que as eleições de 2018 foram fraudadas e foi julgado por espalhar fake news. Foi o que bastou para o presidente Bolsonaro ficar “transtornado”, segundo aliados. No dia seguinte, no Rio de Janeiro, disse a comerciantes que se o marco temporal (que trata da demarcação de terras indígenas) não for validado, ele pode não cumprir a decisão. Para ministros do STF, o desespero do presidente tem a ver com as pesquisas eleitorais. Há o temor do que possa acontecer com ele e a família na Justiça caso percas as eleições em outubro.