Com apenas duas exceções – as japonesas Toyota e Honda –, as montadoras começaram o ano mais preocupadas do que já estavam em 2015. As vendas de carros e comerciais leves despencaram, na média, 38,8% em janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 150 mil veículos comercializados. Como a previsão oficial da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para 2016 é de um total de 2,30 milhões de unidades (queda de 7,3% em relação a 2015), faltam 2,15 milhões nos próximos 11 meses, o que dá uma média mensal de 195 mil. É possível atingir a meta, embora pouco provável.

Os estoques seguem abarrotados. São 179 mil veículos nas concessionárias e outros 75 mil nas fábricas à espera de clientes. Esse montante equivale a 49 dias de vendas do setor. Como estoque é sinônimo de despesa, as montadoras pisaram no freio. Em janeiro, o volume produzido se equipara ao do mesmo período de 2003. Isso mesmo: um retrocesso de 13 anos. “O ritmo de produção deve continuar sendo ajustado nos próximos meses”, afirma Luiz Moan, presidente da Anfavea.

O efeito prático desta retração está no chão de fábrica. A indústria automotiva vem demitindo nos últimos 27 meses. Em outubro de 2013, havia 159,6 mil trabalhadores. Hoje são 129,4 mil. E pior: desse total, 41,9 mil estão em layoff, férias coletivas ou afastados no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), com redução de 15% do salário. O horizonte, no curto prazo, não é promissor. Com medo da inadimplência, os bancos não aprovam o financiamento de veículos. Já os consumidores não querem contrair empréstimos com medo do desemprego. Assim fica difícil fechar uma venda.

Em tempo: conforme escrito acima, o resultado médio de janeiro foi uma queda de 38,8%. Como se sabe, a média tem o defeito de esconder os extremos. Enquanto Ford e Volkswagen caíram cerca de 50% no segmento de automóveis, a dupla oriental cresceu em torno de 3%.