A expectativa de uma derrota do governo de Donald Trump na votação do importante projeto de saúde na Câmara dos EUA determinou a queda do dólar ante o real nesta sexta-feira, 24. Esse era considerado o primeiro grande teste do novo presidente americano e serviria de projeção sobre o que vai acontecer com outras reformas mais importantes para o mercado financeiro, como mudanças tributárias e em regulamentações.

O dólar à vista no balcão terminou em queda de 0,76%, a R$ 3,1122, mas ainda assim subiu 0,44% na semana. O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa hoje foi de US$ 1,309 bilhão. No mercado futuro, o dólar para abril recuava 0,94% por volta das 17h15, a R$ 3,1185. O volume financeiro somava US$ 15,695 bilhões. A divisa norte-americana recuava ante a maioria das outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como a lira turca (-0,82%), o peso mexicano (-0,83%) e o rublo russo (-0,57%).

Ao longo do dia, notícias sobre as negociações de bastidores já davam conta de que a Casa Branca provavelmente perderia a votação. O porta-voz do governo, Sean Spicer, foi questionado sobre a estratégia de Trump, mas defendeu a tática de ir para o “tudo ou nada”. No fim da tarde, o presidente da Câmara, Paul Ryan, informou que o governo decidiu retirar o projeto da pauta de votação, em uma nova derrota, após não ter conseguido levar o texto ao plenário na véspera. Segundo ele, ainda não há uma previsão de nova votação. Ele também assumiu que isso dificulta a reforma tributária, mas não a inviabiliza.

Internamente, a principal questão hoje no mercado foi o ajuste fiscal, após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter dito na noite anterior que será preciso sim elevar impostos para cobrir parte do rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento deste ano. O temor dos participantes é que o governo recorra a uma elevação do IOF sobre operações cambiais. Muitos comentam que essa pode ser uma saída mais fácil para o governo, já que o efeito inflacionário seria menor e trata-se de uma medida que atinge mais a parcela mais rica da população.