Mais de 30 deputados de 11 partidos na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) já assinaram um projeto de resolução para criar a CPI da Dersa, que pretende investigar as denúncias de corrupção dentro da estatal rodoviária paulista nos sucessivos governos do PSDB.

As assinaturas foram coletadas por deputados do PT e do PSL, cujos pedidos de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Dersa ficaram na segunda metade da lista de 23 CPIs protocoladas no início da nova legislatura. Pelo regimento interno, a Alesp deve instalar cinco CPIs simultaneamente, seguindo a ordem cronológica de protocolo.

Nesta quarta-feira, 27, o presidente Cauê Macris (PSDB) criou as cinco primeiras comissões da lista: CPI da Barragem Salto Grande, CPI do Pet Shop, CPI da Furp, CPI das Universidades e CPI do Táxi Aéreo. O regimento permite a instalação de uma sexta CPI, mas para isso é preciso protocolar um projeto de resolução com pelo menos 32 assinaturas e aprová-lo em plenário com pelo menos 48 votos entre os 94 deputados estaduais.

Na tarde desta quinta-feira, 28, parlamentares do PT e do PSL já conseguiram mais de 30 assinaturas para protocolar o pedido da CPI da Dersa. Entre os apoiadores estão deputados do Avante, DEM, Novo, PP, PR, PROS, PSOL, PCdoB e Rede, além de petistas e integrantes da bancada do partido do presidente Jair Bolsonaro.

O petista Paulo Fiorilo disse que o projeto deve ser protocolado nesta sexta-feira, 29, e levado para discussão no Colégio de Líderes da próxima semana. “Como o PSDB protocolou 11 CPIs para evitar a investigação da Dersa, vamos buscar a instalação da sexta comissão para esclarecer a corrupção que assola o Estado envolvendo políticos tucanos”, afirmou.

No dia 15 de março, data da posse dos novos deputados, o líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB), colocou assessores da bancada na fila do protocolo para garantir que as CPIs propostas pela base do governo ficassem nos primeiros lugares. Os funcionários passaram mais de 60 horas na fila e protocolaram as 11 primeiras CPIs na manhã do dia 18 de março, primeiro dia útil da nova legislatura (2019-2023).

A CPI da Dersa, proposta pela deputada Beth Sahão (PT), foi a primeira da oposição a ser protocolada e ficou em apenas 12.º lugar na fila. Pelo rito normal na Assembleia ela só seria instalada em 2020, já que cada comissão tem duração de 120 dias. A CPI proposta pelo líder do PSL, Gil Diniz, com o mesmo objeto ficou em 22.º na fila. As duas bancadas ameaçam obstruir todos os projetos de interesse do governo João Doria (PSDB) se a CPI da Dersa não for instalada.

O objetivo é investigar o histórico de suspeitas de corrupção na Dersa, responsável pelas grandes obras viárias do Estado, como o Rodoanel. O ex-diretor de engenharia da estatal Paulo Vieira de Souza, que está preso em Curitiba, foi condenado a mais de 145 anos de prisão pela Lava Jato por desvios nas obras do Trecho Sul do Rodoanel e da Jacu-Pêssego.

O ex-presidente da estatal Laurence Casagrande e outros ex-diretores também chegaram a ser presos no ano passado e foram denunciados pelo Ministério Público Federal por supostos desvios nas obras do Trecho Norte do Rodoanel, que estão parcialmente paralisadas e mais de três anos atrasadas.