Um deputado conservador britânico, David Amess, morreu nesta sexta-feira (15) após ser esfaqueado “várias vezes” durante um evento em seu distrito no sudeste da Inglaterra, comovendo um país ainda marcado pelo assassinato em 2016 da deputada trabalhista Jo Cox.

A polícia do condado de Essex não mencionou o nome de Amess, mas confirmou que “um homem foi detido como suspeito de assassinato depois que um homem foi esfaqueado em Leigh-on-Sea”. Ele “morreu posteriormente”, afirmou.

A imprensa britânica identificou a vítima, esfaqueada “várias vezes”, como o político de 69 anos membro do partido do primeiro-ministro Boris Johnson, que recebia seus eleitores em uma igreja de seu distrito em Leigh-on-Sea.

Até o momento, não se sabe as motivações do autor do crime.

Paul Gardiner, barbeiro de 41 anos, cujo estabelecimento está a cerca de 250 metros do local do ataque, explicou à AFP a mobilização policial.

“Há dois helicópteros sobrevoando o local e havia uma ambulância”, relatou. “Estava dirigindo para o trabalho e estacionei por volta de 12h30, havia muitos carros da polícia dirigindo para lá”, acrescentou.

Outra testemunha, Ashley Curtis, um homem de 49 anos que vive a 200 metros da igreja, afirmou que duas horas depois a estrada continuava bloqueada com carros da polícia e uma ambulância.

“Ninguém poderia pensar que algo assim aconteceria por aqui”, disse à AFP. “David Amess é um cara bom. Eu o conheci e conversei com ele no passado”, explicou, considerando que o atacante devia “guardar muito rancor para entrar na igreja metodista enquanto (o político) estava recebendo as pessoas e fazer isso”.

– A segurança dos deputados –

“Chocado e profundamente triste com o assassinato” de Amess, disse o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, destacando que “nos próximos dias teremos que debater e analisar a segurança dos deputados e as medidas que devem ser adotadas”.

O ex-presidente do Partido Conservador, Iain Duncan Smith, também expressou sua preocupação com a segurança. “Quando você não está em seu escritório e está em um local público, significa que as medidas de segurança que te recomendam não podem ser tomadas”, tuitou.

Este ataque despertou as piores lembranças em um Reino Unido marcado pelo assassinato, no meio da rua em 2016, da deputada Jo Cox, uma semana antes do referendo do Brexit, pelas mãos de um simpatizante neonazista.

Quatro horas depois do ataque em Leigh-on-Sea, o primeiro-ministro ainda não havia se manifestado, mas sua esposa Carrie Johnson, ex-chefe de comunicação dos conservadores, lamentou essa “notícia absolutamente devastadora”.

Amess era “um homem encantador e um parlamentar maravilhoso”, acrescentou. O ministro das Finanças, Rishi Sunak, denunciou que “o pior da violência é sua desumanidade”.

– “Ataque à própria democracia” –

“Notícias horríveis e profundamente impactantes”, tuitou o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer.

“Atacar nossos representantes eleitos é um ataque à própria democracia. Não há desculpas nem justificativa. É a coisa mais covarde que alguém pode fazer”, disse Brendan Cox, viúvo de Cox, assassinada quando tinha 41 anos.

O ataque em 2016 contra essa deputada trabalhista, firme defensora do pertencimento britânico à União Europeia e da causa dos refugiados, comoveu o Reino Unido, em um contexto de forte tensão pela campanha para aquela consulta que dividiu o país.