Um estudo publicado pela revista Molecular Psychiatry no mês de julho concluiu que a serotonina em níveis baixos não é a causa da depressão. A descoberta, que não é novidade para a comunidade médica, levantou algumas questões.

Isso porque muitos remédios antidepressivos têm no aumento do chamado hormônio da felicidade a principal promessa no combate da doença psiquiátrica, inclusive o principal deles, o Prozac. 

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O psiquiatra e professor da Universidade de Santo Amaro (Unisa), Kallil Duailibi explica que a depressão é uma doença multicausal, ou seja, não é causada somente por uma questão química no cérebro e, por isso, deve ser tratada de forma diversa para cada paciente, inclusive levando em conta fatores externos de sua vida. 

“A serotonina é um dos neurotransmissores que está envolvido com depressão e com ansiedade. Mas cada pessoa é muito diferente da outra e necessita de uma medicação que atue mais em alguns desses neurotransmissores e menos em outros. Por exemplo, uma pessoa que tem depressão, mas fica só na cama o tempo todo deitado, sem energia pra nada, precisa de uma medicação que atue mais em dopamina ou norepinefrina. Já a pessoa que tem muita ansiedade, agitação, insônia, precisa de uma medicação que atue um pouco mais em serotonina”, explicou. 

Devo parar de me medicar? 

A dúvida que surgiu em muitos pacientes após a publicação da pesquisa é: devo continuar tomando remédios para controlar a serotonina mesmo sem saber da sua eficácia? A resposta é sim.  

“A serotonina ajuda em todos os tipos de ansiedade e em estresse. O estudo só aponta que a causa da depressão não é alteração de serotonina”, explicou Duallibi.

Tratamento precisa ser “sob medida” 

Apesar do recente descobrimento sobre a serotonina, o tratamento contra a depressão deve levar em conta muitas abordagens como psicoterapia, prática de exercícios físicos e medicamentos. 

Dualibi explicou que o tratamento de um quadro depressivo tem que levar muita coisa em conta, não só os níveis de hormônios no cérebro, e que ele deve ser feito sob medida para cada paciente. 

“Como a depressão tem inúmeras causas, ela também tem inúmeras abordagens. Alguns pacientes ficam muito bem com psicoterapia, com atividade física que produz endorfina. Então quadros leves a moderados respondem bem a isso. Outros quadros que a pessoa não tem nenhuma energia, está deitada na cama sem fazer nada, precisa de um outro tipo de medicamento e tratamento”, encerrou.