A lentidão na recuperação do País ajuda a explicar a queda na renda do trabalhador informal, avalia o economista Eduardo Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A seguir, trechos da entrevista.

A queda na renda do trabalhador informal já era esperada?

Com a crise, houve um choque na demanda e a oferta de mão de obra ficou rigorosamente a mesma. Com um grande número de trabalhadores ociosos, é natural que se tenha uma queda nos rendimentos.

A recuperação mais lenta da crise retardou a recuperação da renda do trabalhador informal?

Uma explicação para a redução no valor médio da renda é a demora na recuperação da crise. O consumo caiu e a remuneração também. Um vendedor de brigadeiro vende menos agora do que há quatro anos. As pessoas fizeram uma revisão de seus gastos. A outra explicação é que a crise levou a um aumento na quantidade de pessoas forçadas a fazerem bicos, o que puxa a média de rendimento para baixo.

Há diferenças entre ser informal hoje e há alguns anos?

A principal diferença é que hoje há mais possibilidades de trabalho do que havia para a geração anterior ou menos do que isso. Hoje também tem muita gente que opta pelo trabalho autônomo ou por arranjos não tradicionais. Muitos trabalhadores acabaram indo trabalhar em um aplicativo de caronas ou de entrega de comida, opções que não existiam até pouco tempo. Mas, claro, na crise muitas pessoas que acabam trabalhando por conta própria gostariam de ser formais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.