O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou nesta terça-feira, 19, durante evento em Brasília, que a demanda final da economia já está positiva, ao redor de 4%, depois de ter recuado quase 15% no ano passado. A demanda final da economia reflete o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) excluindo as exportações líquidas e os estoques.

Ao citar dados de confiança na economia para ilustrar a situação atual, Meirelles afirmou ainda ter expectativa “muito forte de crescimento para o início de 2018”.

Meirelles afirmou que o momento atual é importante para a economia e o País e, durante sua apresentação, comparou a situação do Brasil nos 12 meses encerrados em maio de 2016 com os 12 meses até agora.

Naquele momento, a inflação estava em 9,3% e, agora, está em 2,8%, pontuou Meirelles. “A previsão do Focus é de inflação em torno do piso da meta, até um pouco mais baixo”, citou. “A inflação vai para a direção correta, como todos queremos.”

Ele citou ainda o fato de a Selic (a taxa básica de juros) estar em 14,25% ao ano em maio do ano passado e, agora, em 7,00% ao ano. “O PIB em 12 meses estava em -5,4% em maio de 2016; agora, está em +1,4%”, acrescentou Meirelles. Para os 12 meses seguintes, a projeção do PIB em maio de 2016 era de -1,7% e, agora, está em +2,8%. “A expectativa para o PIB em 2018 é de 3%”, acrescentou, citando a projeção oficial do ministério.

Meirelles participou na tarde desta terça-feira do evento “Correio Debate – Desafios para 2018”, promovido pelo Correio Braziliense. Pela manhã, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, também falaram no evento.

Orçamento

O ministro da Fazenda confirmou informação publicada pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) de que o governo poderá liberar R$ 4 bilhões do Orçamento. A melhora da arrecadação que deve permitir essa decisão, segundo o ministro, também deve possibilitar ao setor público entregar resultado primário melhor que a meta para o ano de 2017.

“É possível”, disse Meirelles, ao ser questionado sobre a liberação de R$ 4 bilhões do Orçamento. “A equipe da Fazenda e do Planejamento estão estudando exatamente porque há melhora importante da arrecadação”, afirmou, ao citar o comportamento histórico de que “quando o PIB sobe, a arrecadação sobe mais”.

“Tivemos um bom resultado em outubro. As previsões iniciais de novembro parecem ser boas”, comentou o ministro. “Então, evidentemente podemos tomar uma decisão nesse sentido.”

Resultado fiscal

Sobre a hipótese de entregar um resultado fiscal melhor que a meta para o ano, o ministro confirmou. “Deve ser melhor que a meta sim. Não temos esse número porque vai depender muito da execução do Orçamento”, disse, ao citar que é preciso números dos Ministérios e órgãos do governo.

Previdência

O ministro da Fazenda usou tom semelhante à da campanha publicitária do governo para defender a reforma da Previdência. Em palestra, o ministro exaltou que a idade média de aposentadoria dos homens no Brasil é de 59,4 anos, bem abaixo da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 64 anos. “No México, que é um país semelhante ao Brasil, a média é de 72 anos”, disse.

No evento organizado pelo jornal Correio Braziliense, o ministro da Fazenda defendeu a reforma da Previdência como uma maneira de não perpetuar os privilégios e, ao mesmo tempo, para controlar as contas públicas. Aos presentes, Meirelles citou o episódio em que recebeu um e-mail de um homem “que queria se aposentar com 53 anos”. “Eu respondi que, por mim, ele poderia ser aposentar aos 40 anos, mas perguntei a ele: quem paga a conta?”, disse Meirelles. “É a sociedade brasileira”, respondeu o ministro.

Para reforçar a defesa, o ministro da Fazenda notou que o Regime Geral da Previdência Social atualmente consome o equivalente a 50% do Produto Interno Bruto (PIB). “E se não fizermos nada chegará a 71,6% em 2026”, disse, ao exibir projeção do Ministério da Fazenda. “Se não fizermos nada, não haverá mais dinheiro para a saúde, para a educação e até para as emendas parlamentares”, disse.

Para além da defendida reforma da Previdência, o ministro da Fazenda exaltou outras iniciativas para reformar outros temas da economia. Meirelles citou a aprovação do teto de gastos. “Tivemos diversas crises de origem fiscal, inclusive a última. O aumento de gasto sempre foi um ponto de vulnerabilidade do País”, disse, ao citar que o descontrole fiscal esteve na raiz do problema da hiperinflação. “Haverá redução do tamanho do Estado, o que resultará em dinheiro para o governo investir”.

Meirelles também lembrou da reforma trabalhista e deu como exemplo a mudança feita na Alemanha na década passada e que foi seguida por queda consistente do desemprego.

Além disso, o ministro também exaltou a elaboração da reforma tributária, as iniciativas microeconômicas para redução da burocracia e reduzir o custo do crédito – como o cadastro positivo e o aumento das garantias para os bancos concedentes de crédito. “Essas reformas microeconômicas criarão um ambiente mais favorável aos negócios”, disse.

Interrupção

Uma senhora interrompeu a entrevista coletiva do ministro da Fazenda para pedir que Henrique Meirelles anuncie que será candidato à presidência da República em 2018. A intervenção aconteceu enquanto Meirelles falava sobre os esforços para arrumar as contas públicas. À eleitora, o ministro repetiu o mantra e disse que só vai decidir no fim de março ou início de abril.

Durante entrevista coletiva após participar de evento organizado pelo jornal Correio Braziliense, o ministro da Fazenda foi interrompido por uma senhora que participava do evento aberto ao público e pediu que Meirelles desse “um presente” ao Brasil ao anunciar a candidatura. Jornalistas brincaram com o ministro ao citar que ele já tinha garantido uma eleitora. “Tem uma já. Tá bom”, respondeu, sorrindo.

À eleitora, o ministro repetiu discurso feito nas últimas semanas: “a decisão de fato será em março ou até início de abril, que é o prazo de desincompatibilização”. Ele explicou que a escolha dos candidatos “será em junho, mas a desincompatibilização de ministros tem que se dar no início de abril”. “Até lá, teremos uma decisão”, completou.