O Brasil está vendo os números de casos, internações e mortes provenientes da variante ômicron do coronavírus cair já há algumas semanas. Depois de registrar recordes de casos no início de fevereiro, a queda nos números já está fazendo com que governos de estados e prefeituras flexibilizem a obrigatoriedade no uso de máscaras. 

No entanto, países europeus como a Alemanha estão registrando uma alta constante no número de casos nos últimos dias por conta variante que está sendo chamada de Deltacron, que seria uma combinação entre as variantes delta e ômicron. A Coreia do Sul também registrou recorde de casos nesta terça-feira (15) com mais de 400 mil novos casos.

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O ministro da saúde Marcelo Queiroga chegou a confirmar dois casos no país na última terça (15), mas voltou atrás e anunciou que eles ainda estão em estudo. 

Algumas pesquisas já dão conta de que essas novas cepas seriam mais contagiosas que a Ômicron.  

O que isso pode significar para o Brasil? Há riscos de uma nova explosão de casos? Como fica a liberação do uso de máscaras nos estados? 

O médico infectologista e consultor do comitê executivo da Associação Médica Brasileira (AMB) Renato Kfouri aponta que mesmo com os números de casos aumentando em alguns lugares, isso não quer dizer que os casos no Brasil terão um novo pico, já que a situação nos países é diferente. 

“Precisamos monitorar, mas é difícil fazer comparações entre países. O que acontece na Holanda, França, Hong Kong são realidades muito diferentes: as vacinas utilizadas na população, se tem dose de reforço avançada ou não, e coberturas vacinais distintas podem alterar esses resultados”, explicou. 

Kfouri também apontou que a flexibilização do uso de máscaras em alguns locais do Brasil já era esperada pela alta taxa de imunidade alcançada e que a chegada de uma variante ou mutação nova, por si só, não deve fazer com que essas iniciativas sejam descartadas. 

 “O que determina a gente flexibilizar mais as políticas de contenção do vírus não é a variante que circula, são as taxas de hospitalização, de transmissão, de novos casos, mortes e o número de vacinados. Você vai endurecer medidas em momentos de mais alta transmissão e flexibilizar as medidas em momentos de mais baixa transmissão. Essa é a regra do jogo”, ponderou.

Nada disso, porém, deve fazer com que a população abra mão dos cuidados em seu dia-dia. A médica infectologista do Hospital Albert Sabin, Dania Abdel Rahman, reforça que medidas como a higienização constante das mãos e evitar estar em locais fechados e mal ventilados ainda devem ser tomadas. 

“Estamos tendendo a um relaxamento no uso de máscaras, isso é esperado e temos que acreditar na imunidade das vacinas, mas alguns cuidados devem ser mantidos ainda, principalmente para grupos imunossuprimidos, idosos. Os ricos de novas variantes acontecem com todas as doenças virais”, destacou.