A variante Delta da Covid-19, considerada por infectologistas como mais fraca em comparação com a cepa original do coronavírus, porém com maior potencial de infecção entre as pessoas, está preocupando autoridades sanitárias de todo o mundo. Países da Europa, que estavam em processo de reabertura da economia e abandonando o uso de máscaras, voltaram a impor algum tipo de restrição para impedir o retorno do casos de internação em decorrência do vírus.

Até o momento, 124 países já registram incidência da variante Delta nos novos infectados e a Organização Mundial da Saúde (OMS) está cobrando mais cuidado das autoridades no controle dos casos. Entre os países onde a variante Delta já é a causa de mais de 75% dos novos casos da doença, estão Índia, China, Rússia, Indonésia, Austrália, Bangladesh, Reino Unido, África do Sul, Portugal e Israel, segundo a AFP.

Veja como algumas das principais economias do mundo estão se preparando para evitar o descontrole na pandemia:

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1 – Estados Unidos

Responsável pelo maior número de infectados e mortos em todo o mundo, os Estados Unidos estão voltando ao normal. Vacinando crianças, retirando o uso de máscaras em algumas regiões e incentivando aglomerações, com shows e estádios lotados, o país já contabiliza mais de 80% dos novos casos de Covid tendo a variante Delta como principal responsável.

Nesta terça-feira (20), o principal especialista em doenças infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, disse em audiência no Senado que, apesar do alto poder de contágio da Delta, as vacinas são 90% eficazes contra hospitalizações e mortes. Por lá, a média de mortes diárias chegou a 239 pessoas por dia, aumento de 48% em comparação com a semana anterior.

Em matéria publicada no The Wall Street Journal nesta quarta-feira (21), economistas diminuíram o impacto que a Delta pode causar no processo de reabertura da economia norte-americana. A preocupação por lá está em viabilizar a retomada econômica tendo em vista que as pessoas passaram mais de um ano isoladas em casa.

Na noite desta terça-feira (20), as ruas de Milwaukee foram tomadas por torcedores dos Bucks, que comemoram o título do time na NBA, 50 anos após a última vitória da equipe na principal liga de basquete do mundo.

2 – França

Nesta quarta-feira (21), o primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que o país já passa por uma quarta onda da Covid-19. Em entrevista à emissora de televisão TF1, ele afirmou que as autoridades locais vão se reunir para tomar medidas de combate e prevenção.

Segundo a Reuters, o governo francês começou a apresentar aos parlamentares esta semana um novo plano para enfrentar a Covid-19, que inclui a exigência de um passe de saúde para entrada em uma série de estabelecimentos a partir do começo de agosto. Vacinados e pessoas com teste negativo terão a entrada liberada. Além disso, o governo vai tornar obrigatória a vacinação para funcionários da Saúde.

Hoje, o ‘passe’ sanitário já começou a ser implementado em cinemas, teatros, museus e atividades culturais com mais de 50 pessoas. Nesses locais, no entanto, não será exigido o uso de máscara.

3 – Alemanha

Lidando com uma grave inundação que atingiu milhões de pessoas na ala oeste da Alemanha, o governo do país está preocupado com o aumento de casos de Covid nos próximos meses. Nas últimas 24 horas, o Instituto Robert Koch contabilizou 2.203 novos contágios na Alemanha, 42% a mais do que o registrado na semana passada.

Segundo o jornal português SIC, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, alertou que, caso se mantenha o ritmo de infecções, o país pode alcançar uma incidência semanal, já em setembro, de 40 casos a cada 100 mil habitantes. Em outubro, indica a previsão do ministro, essa taxa pode chegar a até 800 casos de infecção por 100 mil habitantes.

Sem apelar para medidas restritivas, o governo segue orientando os alemães a se cuidarem com uso de máscara.

4 – Reino Unido

O Reino Unido passa por um momento de total reabertura da economia e na segunda-feira (19) os britânicos celebraram o chamado “Dia da Liberdade”, quando praticamente todas as principais restrições sanitárias foram derrubadas.

Enquanto o governo promove uma volta ao normal, cientistas acreditam que as infecções podem sair do patamar de 50 mil por dia e chegar a 200 mil por dia durante o verão, segundo a BBC. Apesar da alta de casos projetada, o ritmo de vacinação segue forte, e os especialistas apontam que, com mais de 68% da população adulta totalmente vacinada, as hospitalizações e mortes fiquem abaixo dos picos anteriores.

5 – Israel

Dominado pela variante Delta, Israel já adota medidas de restrição para conter a alta de casos, limitando acesso a grandes eventos em ambientes fechados e aplicando multas para quem violar regras de saúde. Essas medidas foram implementadas nesta semana.

Semelhante ao que acontece na França, as pessoas só podem entrar em eventos fechados com participação de mais de 100 pessoas apresentando um passe sanitário. Somente vacinados, recuperados da Covid e pessoas que apresentarem teste PCR negativo poderão participar das atividades culturais. O uso de máscaras é obrigatório, segundo o Israel Times.

6 – Itália

A Itália registrou nesta quarta-feira (21) mais 4.259 casos e 21 mortes na pandemia. De acordo com o Ministério da Saúde, esse é o maior número em novos casos no país desde 22 de maio, quando 4.717 casos positivos foram detectados. Em comparação com os registros da semana passada, a alta de casos revelada hoje é de quase 100%.

Apesar de muito longe dos mais de 40 mil casos diários registrados em novembro do ano passado, o governo italiano demonstra preocupação com a variante Delta, responsável por um em cada cinco novos casos e deve se tornar predominante em breve.

O responsável pela alta, acreditam os cientistas, é a final da Eurocopa, vencida pela Itália. No último dia 12, os jogadores da seleção fizeram desfile em carro aberto após vencerem a disputa e Roma foi completamente tomada pelos torcedores, principalmente jovens que ainda não foram vacinados.