A parceria entre Delta e Latam deve começar ainda este ano. Segundo Edward Bastian, presidente executivo da Delta, o primeiro passo da união será o compartilhamento de voos, serviços e canais de venda (codeshare), ainda em 2019. Para a principal transação, que envolve a criação de uma joint venture entre as empresas, a expectativa é de que as aprovações governamentais, regulatórias e antitruste levem entre 12 e 24 meses. Na noite de quinta-feira, a Delta anunciou a compra de 20% do capital da Latam por US$ 1,9 bilhão.

Além da compra de parte da empresa, a Delta se comprometeu a adquirir aviões da Latam e a investir US$ 350 milhões para apoiar a parceria estratégica.

A operação representa oferta de US$ 16 por ação. O valor significou um prêmio de quase 80% sobre o valor das ações, considerando a cotação média dos últimos 30 dias, e será pago principalmente com a emissão de dívida e dinheiro em caixa da empresa americana.

Em teleconferência ontem, Bastian disse que a empresa ofereceu um prêmio significativo pelas ações da Latam, mas que a operação trará retorno, ainda mais diante do cenário de recuperação macroeconômica da região e do próprio potencial de aumento dos voos entre América do Sul e Estados Unidos.

A expectativa de Bastian é que a parceria com a Latam traga receita adicional à aérea de US$ 1 bilhão, nos próximos cinco anos.

A empresa também confirmou que precisará se desfazer de fatia e 9% que detém em ações da Gol. Os executivos da companhia lamentaram o fim do acordo com a Gol, dizendo que a brasileira se mostrou uma “ótima parceria”, mas destacam que “não tiveram escolha” porque a oportunidade com a Latam “se apresentou”. Ainda de acordo com eles, a Delta oferecerá apoio à Gol nessa fase de transição.

Segundo os executivos da Delta, o principal motivo para a decisão de investimento na parceria foi a conectividade oferecida pela malha da Latam Airlines. Juntas, as empresas devem criar mais competição no mercado da América do Sul, adicionando mais voos entre a região e os Estados Unidos.

A Delta detalhou ainda que o acordo deve tornar as companhias líderes nas operações em Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Argentina para os Estados Unidos. A companhia espera replicar “rapidamente” a sua capilaridade no mercado brasileiro com a Latam.

Objetivo

Para Bastian, a aquisição de 20% da Latam é confortável, sendo que a fatia é adequada à estratégia da aérea americana para a região da América Latina. No momento, não existem planos de aumentá-la.

A diretoria da Delta disse ainda não antecipar nenhum grande empecilho regulatório e antitruste para conseguir as aprovações da joint venture, sustentando que as operações da americana e da Latam são “complementares”. A parceria entre Latam e American Airlines acabou sendo barrada pelo órgão antitruste chileno por causa da sobreposição de operações entre as duas aéreas.

Bolsa

No mercado de ações, os papéis da Latam negociados em Nova York chegaram a subir mais de 30%. No Brasil as ações sem direito a voto de Gol caíram ao redor de 6,5%.

Apesar de considerarem o negócio negativo para a Gol, analistas disseram que o impacto para a área não deverá ser tão grande. O Credit Suisse disse, em relatório que, “operacionalmente falando”, a parceria entre Gol e Delta não foi relevante para o faturamento da brasileira. Para o Bradesco BBI, o impacto mais negativo será no programa de milhas Smiles, que deve sofrer com a renegociação do acordo de codeshare entre a concorrente da Latam e a Delta.

Os dois bancos mantiveram a avaliação para os papéis da Gol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.