O Delta Bank é um pequena instituição financeira fundada nos Estados Unidos por Aloysio Faria, ex-dono do Real, para atuar no ramo de administração de fortunas ? o chamado private banking. A área é das mais concorridas e nela o Delta briga por espaço com os grandes bancos americanos e outros tantos europeus. Surpreendentemente, o Delta tem conseguido não apenas sobreviver, mas crescer, abocanhando uma fatia de três mil clientes endinheirados e um portfólio de US$ 2,5 bilhões. A chave da sobrevivência, segundo o presidente do banco, John Landers, é uma estratégia à moda antiga, do tempo em que o nome do banqueiro era a principal garantia para o seu cliente. ?Nosso sistema de trabalho é semelhante ao dos bancos suíços mais tradicionais?, explica. Ele não dá talões de cheque nem faz operações de fusões e aquisições, típicas de banco de investimento. Seu negócio é pura administração de ativos, com direito a muita conversa de pé-de-ouvido com os clientes. A clientela do Delta é predominantemente sul-americana. Seus correntistas são brasileiros, argentinos, venezuelanos e colombianos que procuram um canal para investir lá fora, mas fazem questão de ter seu dinheiro administrado por gente com um pé em seu país. Trata-se de uma versão atualizada do fenômeno que fez a fama dos bancos suíços, no século 19. Na época, a nobreza européia tinha medo de levantes populares, à moda da Revolução Francesa, e para se prevenir despachava suas fortunas para um lugar seguro. O Delta, fundado por Faria em 1986, em pleno Plano Cruzado, seguiu a mesma lógica. Em meio ao turbilhão de planos econômicos, seu atrativo era vender aos brasileiros endinheirados um caminho para investir nos EUA, longe do risco Brasil.

Embora a concorrência na área de private seja cada vez mais acirrada, o Delta tem algumas vantagens estratégicas. A principal delas é que, além da licença para operar como banco múltiplo, ele tem a autorização para funcionar como trust ? o que significa que é especializado em administrar patrimônios, por isso paga menos impostos em vários tipos de operação. Como conseqüência, consegue cobrar taxas de administração e de sucesso inferiores às dos bancos de investimento. Como o Delta é procurado como uma espécie de porto seguro contra as turbulências, seus clientes são especialmente conservadores nas aplicações. ?Eu, particularmente, acho que eles poderiam investir mais nas bolsas americanas?, raciocina Landers. Mas, embora a instituição trabalhe com contas discricionárias (nas quais o cliente autoriza o gerente a comprar e vender papéis sem seu conhecimento, ganhando dinheiro de acordo com a oportunidade), boa parte dos portfólios que administra acaba tendo a maior porção investida em renda fixa.