É um trabalho de vestimenta exclusiva. Alinhamento meticuloso. As peças são modernas e seguem os avanços da moda. O caimento tem de se encaixar perfeitamente, com conforto. O domínio das ferramentas é essencial, para demonstrar qualificação e ganhar o interesse do cliente. Com a evolução da indústria e do consumo, reinventar-se é necessário para evidenciar a personalização e a criação de peças feitas para cada consumidor. Pode chamar de alfaiataria tecnológica. A solução Flex on Demand, anunciada recentemente pela Dell Technologies no Brasil, permite o pagamento e o consumo de infraestrutura de tecnologia sob medida. Esse formato já existe em outras empresas do setor. A companhia americana acelerou a implementação do modelo para atender às necessidades dos clientes por mais flexibilidade na oferta de serviços, de acordo com cada negócio, em cada momento. E, claro, se enquadrar às exigências do mercado.

Sistemas quadrados, engessados e sem versatilidade vão ficar parados nas prateleiras sem compradores, assim como uma roupa desatualizada, sem o corte e as cores do momento ficam encalhadas. Principalmente, em um período de pandemia global, em que as empresas têm de rever práticas e processos. Seria como apresentar uma nova coleção ao mundo da moda. “É praticamente uma relargada na corrida”, afirmou à DINHEIRO Luis Gonçalves, líder da operação da Dell na América Latina. “Os clientes vão incorporar tecnologia na medida que seja mais barato, flexível e mais ágil”.

O Flex on Demand estabelece previsões de requisitos de capacidade básica e da capacidade necessária para cobrir o pico de uso. O cliente pode adquirir as soluções por período, que varia de 24 a 60 meses para compromissos de longo prazo e de 12 meses para projetos de curto prazo. Cada pagamento inclui o custo fixo da capacidade comprometida, além do valor variável da capacidade de buffer, medido regularmente usando ferramentas automatizadas instaladas no equipamento. “Oferecemos especialmente as soluções voltadas para data center e cloud, para os clientes que precisam de arquitetura tecnológica que permita acesso remoto mais bem distribuído, com segurança e economia”, disse o executivo. Grandes companhias têm naturalmente maior capacidade de consumir as soluções, mas o pequeno empreendedor tem acesso às mesmas ferramentas, capazes de fazer integração entre sistemas, além de gerar avanços em analytics e machine learning.

PRESTÍGIO O Notebook XPS 3 é produzido no Brasil, primeiro país fora da Ásia a fabricá-lo, fato que demonstra o olhar diferenciado com que a Dell observa os negócios basileiros em sua estratégia global. (Crédito:Divulgação)

Mario Moura, consultor e professor de Governança, Segurança de TI e Gerenciamento de Serviços do Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação (IGTI) diz que a Dell acerta em remodelar o cardápio do negócio. Ela compete com gigantes, como HP e IBM, e agora há disputa pelo custo-benefício. “A grande questão é quem oferece mais pelo menor preço”, afirmou o especialista, sinalizando o que passará a ser decisivo. Ele aponta ainda que o sistema híbrido de armazenamento de dados pode ser um diferencial importante para a Dell, que oferece tanto serviços em nuvem quanto em data centers físicos. Gonçalves, da Dell, reforça. “Temos um modelo multicloud, um modelo operacional de entregas de serviços de TI. Hoje, entregamos soluções de armazenamento que os provedores de nuvem também usam”. Esse formato é uma das apostas da Dell para voltar a crescer globalmente acima de dois dígitos, depois de um resultado positivo, mas não tão satisfatório em 2019.

RETOMADA No ano passado, a companhia faturou US$ 92,2 bilhões, apenas 2% superior ao resultado de 2018. Uma performance diferente da registrada nos anos anteriores. Em 2018, a receita subiu 15%. Em 2017, cresceu 28%. Em 2016, 12%. Outro dado que ligou o sinal de alerta foi a queda de 8% nas vendas corporativas no primeiro trimestre deste ano e o crescimento de 2% nas comercializações junto ao consumidor não corporativo, em relação ao mesmo período do ano passado. Uma pequena virada começou a se desenhar no segundo trimestre deste ano. Aumento de 11% e 18%, nas respectivas áreas, ancorado principalmente em dois setores, segundo o vice-chairman e diretor de operações globais, Jeff Clarke. “No segundo trimestre, vimos força no setor governamental e na educação, com pedidos que cresceram 16% e 24%, respectivamente.” Segundo Luis Gonçalves, que até agosto era presidente da Dell no Brasil e foi promovido para liderar a região latino-americana, o País acompanhou essa tendência positiva.

EM ALTA Vice-chairman, Jeff Clarke dstaca a força dos setores governamental e de educação nos resultados do segundo trimestre. (Crédito:Divulgação)

Segundo ele, houve aumento no consumo de streaming, aulas on-line, reuniões, além de avanço em telemedicina. “Houve crescimento em vendas nas faixas de produtos mais sofisticados, em que somos líderes absolutos”, afirmou Gonçalves. No Brasil, onde a Dell está instalada há 21 anos, a companhia americana lidera em vendas de computadores para empresas, com 41,5% do mercado. Também está à frente em comercialização de computadores high price band (acima de US$ 800), com 42,16%. E está no topo do ranking no segmento de servidores mainstream, com 54,9%, e no setor de storage, com 37% das vendas internas. Os dados são da consultoria International Data Corporation (IDC), que atua em inteligência de mercado. Mario Moura, do IGTI, reforça a imagem de que os produtos da empresa são considerados de boa qualidade. “Oferecem desempenho com baixa manutenção. A empresa tem aprimorado cada vez mais seus processos para oferecer itens cada vez melhores”, afirmou o professor.

Além do Flex on Demand, a Dell fez outros lançamentos neste ano, para não ficar para trás e incrementar a receita. O EMC PowerScale oferece performance para trabalhar com as demandas das cargas de trabalho de Inteligência Artificial, análise de dados, Internet das Coisas, mídias digitais, saúde e ciências. Além disso, avançou em storage, com o EMC PowerStore, arquitetura de armazenamento de dados que envolveu o trabalho de 1 mil engenheiros de diversas áreas. O equipamento é produzido na fábrica da Dell em Hortolândia (SP). Outra frente trabalhada pela empresa este ano foi o Notebook XPS 13. Produzido no Brasil, primeira região fora da Ásia a fabricar o equipamento, o aparelho mostra a importância do País na estratégia global da companhia.