Até cerca de um mês atrás, Aparecido Araújo tinha a missão de organizar toda a parte administrativa do Varanda Grill, um dos restaurantes mais renomados de São Paulo. Entre as tarefas de Araújo, que é gerente administrativo da empresa, estavam garantir o estoque dos produtos e programar a escala de trabalho dos cerca de 1 mil funcionários das três unidades da casa na capital paulista (nos Jardins, na Avenida Faria Lima e no Shopping JK). Com a crise causada pelo coronavírus, tudo mudou. Os restaurantes da rede tiveram de fechar as portas e o gerente passou a concentrar seus esforços num serviço que não existia no Varanda: o delivery. “É um trabalho difrente. Mas fico feliz de poder continuar servindo a nossos clientes, que são muito fiéis ao nosso estabelecimento”, diz Araújo. Dono do Varanda, o empresário Sylvio Lazzarini completa as palavras do seu funcionário. “O delivery foi uma forma que encontramos de seguir levando nossos pratos a nossa clientela”, declara Lazzarini.

Assim como o Varanda Grill, outros restaurantes igualmente reconhecidos e tradicionais também passaram a levar seus pratos até a casa dos consumidores, como alternativa ao confinamento necessário durante a pandemia da Covid-19. O estrelado Fasano, um dos mais famosos do País, e as casas do Grupo MF, todas dedicadas à alta gastronomia, seguiram o mesmo caminho. No caso do Varanda, Lazzarini criou dois tipos de serviço: o Varanda na Sua Casa e o Varanda Dia a Dia. No primeiro,
o cliente tem direito a entrada, um prato principal e um acompanhamento, por
R$ 90 (serve duas pessoas). Excelente pedida é a salada mista de entrada, seguida do New York Steak – um saborosíssimo bife chorizo – e o tradicional arroz biro-biro, preparado com linguiça, cheiro verde, ovos fritos, cebola e batata palha. É um dos pratos mais pedidos da casa. No Varanda Dia a Dia, são duas opções: picanha fatiada, com salada mista, um acompanhamento (arroz biro-biro, batata rústica ou farofa) e sobremesa de frutas frescas (R$ 85); e stracotto com risoto de açafrão (R$ 58).

O novo serviço tem se mostrado um sucesso e pode ser solicitado por telefone e pelo iFood. “Temos recebido cerca de 60 pedidos diários, sendo que nos finais de semana esse número salta para 120 ou mais”, afirma Lazzarini, que se orgulha do fato de não ter demitido nenhum dos seus 250 funcionários até agora. “Demos férias à maior parte e ficamos apenas com os 40 mais experientes, divididos entre a cozinha e esse trabalho de delivery. Assim, consigo manter a alta qualidade do nosso serviço”, diz. “Precisamos entender o atual momento do mercado, do consumidor e dos nossos colaboradores”, observa o empresário, que estreou o delivery no dia 24 do mês passado.

No Fasano, a novidade foi implantada um dia depois. Célebre por sua clássica gastronomia italiana, o restaurante começou a entregar seus pratos na casa do cliente no dia 25 de março. Com unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o Fasano só lançou o delivery na capital paulista – até agora.

É a primeira vez que a tradicional grife do setor trabalha com entregas em domicílio, atendendo pelo telefone ou pelo aplicativo – disponível para IOS e Android. Apesar da crise do coronavírus, a casa também tem conseguido manter os empregos de todos
os seus 2 mil funcionários.

Do cardápio do delivery, constam cerca de 20 opções, entre entradas, pratos principais e sobremesas. O delicioso Penne Alla Baccalá (R$ 65) – servido com bacalhau, brócolis, tomate cereja e azeitonas – é um dos mais pedidos, assim como o imbatível Ravioli di Mozzarella (R$ 59) – ravioli de mozzarella de búfala, com molho de tomate e manjericão. “Tivemos o desafio de selecionar pratos que possam viajar bem, como a lasagna, por exemplo. Os risotos, por outro lado, são impossíveis para delivery”, diz o proprietário, Rogério Fasano.

SOLIDARIEDADE O mesmo desafio foi encarado pelo restaurateur paulista Marcelo Fernandes, do Grupo MF. Alguns dos restaurantes da empresa são o italiano Attimo Per Quattro, o japonês Kinoshita e o bistrô Mercearia do Francês, todos em São Paulo e dedicados à alta gastronomia. Tão logo a quarentena foi declarada, Fernandes agilizou tudo para adotar o delivery em todas as suas casas, que nunca tinham atuado no sistema. “Estava tudo indo bem, com excelente procura. Mas a crise do coronavírus está cada vez pior e eu não quero colocar minha equipe em risco”, conta. “Num momento grave e delicado como o que estamos vivendo, precisamos ser solidários.” A solução encontrada foi dar um passo atrás. Fernandes cortou o serviço de entrega de todos os restaurantes, exceto de um: a hamburgueria Tradi, premiada como uma das melhores da capital paulista.

Pelo iFood, os clientes podem pedir os clássicos hambúrgueres da casa, que produz um blend especial de carnes e o próprio pão, que sai em duas fornadas – uma pela manhã e outra à tarde – da paneteria do grupo. Entre os mais pedidos, estão o Oráculo (hambúrguer de 180g, coberto por fusão cremosa de queijo cheddar inglês com pepperoni moído, servido em pão artesanal branco, R$ 32) e o Costa Oeste (hambúrguer de 180g, tomate, cebola roxa, alface, queijo prato e maionese verde, servido no pão brioche artesanal, R$ 29). Enquanto a quarentena prosseguir, as demais casas do Grupo MF seguirão fechadas e sem delivery. Mas a experiência agradou. “Quando as coisas voltarem ao normal, penso em retomar o serviço de entrega em todos os restaurantes. É uma nova forma de nos relacionarmos com os nossos clientes”, diz Fernandes.

Para harmonizar sem sair de casa

Como nem só de pão vive o homem, também há uma excelente promoção para delivery de vinhos nesses tempos de distanciamento social. E, o melhor, vale para todo o Brasil. Especializada em vinhos de alta qualidade – muitos de pequenas vinículas e com produção limitada –, a Wine Lovers importa mais de 150 rótulos de diversos países, como Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Portugal e Uruguai. Entre seus grandes clientes, estão restaurantes de chefs renomados, como D.O.M., de Alex Atala; Sal, de Henrique Fogaça; e L’Entrecôte d’Olivier, de Olivier Anquier. A empresa encontrou uma ótima forma de alegrar os consumidores durante a quarentena, oferecendo descontos que podem chegar a 45% e com frete grátis para pedidos acima de R$ 150, feitos no site (winelovers.com.br). Além disso, o prazo de entrega foi reduzido, de 48 horas para 24h. Entre os rótulos da promoção, há o tinto espanhol Tobelos Tahon 2011 (de R$ 255 por R$ 169, quase 34% de desconto), excelente para harmonizar com queijos e peixes assados, e o californiano Willow Brook Pinot Noir 2013 (de R$ 345 por R$ 189, 45% mais barato), tinto que combina perfeitamente com massas. É só pedir e saborear em casa.