Elas são recentes, têm jovens nos seus vinte e poucos anos tomando decisões importantes e falam um vocabulário carregado de estrangeirismos. Contudo, ao contrário das empresas pontocom, a crise das ações que abalou a Nasdaq entre março e maio não foi para elas um sinal de advertência, mas sim de oportunidade. ?O mercado vê empresas como a nossa como aquelas que salvarão as que estão em ruínas?, conta Marcelo Tripoli, CEO da Alterbrain no Brasil. A companhia foi lançada no último dia 22 e é uma das poucas especializadas em consultoria na Internet ou, como eles mesmos dizem: e-consulting. Se aqui o termo é novidade, o espaço das e-consultorias já está bastante delineado nos Estados Unidos. Por lá, Andersen, Ernst & Young e Deloitte já se aventuraram na rede e atendem empresas pontocom e outras nada virtuais a mergulhar na rede. Segundo o IT Services Advisory, que faz pesquisas em Internet naquele país, as e-consultorias movimentam US$ 19,6 bilhões e crescem quase 30% ao ano. E a história pode se repetir do lado de baixo do Equador. ?Esta é uma área praticamente inexplorada?, diz Tripoli, que tem apenas 23 anos. É o que se poderia chamar de carreira meteórica. ?Queremos faturar em um ano cerca de US$ 40 milhões na América Latina e o Brasil deverá contribuir com cerca de 30% a 40% desse valor.

Embora as consultorias não recusem clientes que já nasceram como pontocom, as empresas para as quais elas estão se voltando são as marcas poderosas e conhecidas do público em geral, como Coca-Cola, Kimberly-Clark, Motorola e Volvo, hoje clientes da Alterbrain. Muitas delas ainda são totalmente virgens quando o assunto é Internet. ?Depois do terremoto na Nasdaq, ficou claro que serão elas as grandes vencedoras do mundo virtual?, afirma Daniel Domeneghetti, 27 anos e diretor de estratégia da E-Consulting, repetindo a mais recente verdade definitiva na Internet. ?As companhias tradicionais têm marcas, canal de distribuição, uma base grande de clientes e alto poder de barganha.? Para seduzi-las, as consultorias oferecem um leque variado de serviços. Elaboram uma estratégia, calculam quando o negócio vai dar receitas e se realmente isso poderá acontecer algum dia. Uma vez aprovada as contas, a consultoria trabalha para que todos os computadores conversem num mesmo idioma, traçam um plano de marketing, escolhem os distribuidores, as formas de pagamento e os serviços de segurança. Por fim, criam o visual do site e um endereço tipo www. O preço final pode ficar entre R$ 20 mil e R$ 500 mil. ?Fazemos de tudo para que nossos clientes não tenham qualquer tipo de dor de cabeça?, diz Paulo Chacur, COO da Escalena, empresa que tem diretores oriundos da velha economia. A Escalena pretende fechar o ano com um faturamento de R$ 1,8 milhão. ?Nós já temos receita. É dinheiro entrando?, diz Chacur, da Escalena. Até agosto do ano que vem, a E-Consulting estima faturar entre 8 e 10 milhões de reais. Pelo menos no mundo das consultorias, trabalhar no vermelho não é um hábito corriqueiro.