O rombo anunciado nesta terça-feira, 15, para os próximos três anos deixou muita gente ressabiada. A capacidade do governo em colocar em dia as contas públicas está em xeque. Desde agosto de 2016, o déficit primário está nos mais altos patamares desde o início do Plano Real. E assim deve permanecer por mais alguns anos.

Com o anúncio de que as novas metas fiscais são de déficit de R$ 159 milhões para 2017 e 2018, e de R$ 139 bilhões para 2019, o buraco parece não ter fim.

Mas não é bem assim. Caso o País volte a crescer – e o gasto público é um fator importante nessa conta – o peso desse déficit tende a diminuir sobre a máquina pública.

Segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) nominal deve alcançar R$ 6,77 trilhões este ano. Em 2018, o total das riquezas produzidas pelo Brasil deve somar R$ 7,22 trilhões. Em 2019, a estimativa é de R$ 7,73 trilhões.

Se Temer cumprir as metas de déficit em 2017 e 2018 e o próximo presidente conseguir alcançar o número projetado em 2019, o déficit primário chegará, ao final de 2019 em 1,8% do PIB.

Outra variável sobre o custo desse déficit é a taxa de juros paga pelo País para financiá-lo. Quanto maior o rombo, mais o Brasil se endivida para tapar o buraco. Mas, se a taxa Selic continuar a cair, mais leve torna-se o custo dessa dívida para o governo.

Em 2017, os juros cobrados sobre a dívida emitida para financiar os R$ 159 bilhões podem alcançar R$ 15,8 bilhões, caso as projeções para a Selic até o final do ano se confirmem. De acordo com o Boletim Focus, publicado pelo Banco Central, a média da taxa básica de juros prevista por economistas do mercado financeiro deve ficar em 9,91% este ano.

O mesmo exercício pode ser feito para 2018, com uma média estimada da Selic em 7,41%. Os juros cobrados sobre os R$ 159 bilhões representam R$ 11,8 bilhões. Por fim, em 2019, o custo seria de R$ 11,7 bilhões. Isso porque o mercado financeiro estima que a Selic estará próximo a 8%.