Diante da repercussão negativa das contas externas brasileiras no primeiro semestre, divulgadas ontem pelo Banco Central (BC), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou uma entrevista coletiva para afirmar que o déficit na conta corrente, no balanço do Brasil com o exterior, é passageiro e não ameaça o crescimento da economia. A partir de 2012, avaliou o ministro, deverá ocorrer uma melhora do resultado. “Não tem novidade”, disse Mantega. Segundo ele, o déficit já estava previsto e é decorrente do “sucesso do Brasil” em relação a outros países. “É o preço do sucesso”, afirmou.

Segundo o ministro, o déficit em conta corrente deve fechar o ano de 2010 entre US$ 45 bilhões e US$ 48 bilhões, o equivalente a 2,33% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele também previu um superávit da balança comercial de US$ 15 bilhões em 2010, uma estimativa maior que a do Banco Central (BC), de US$ 13 bilhões. Mantega atribuiu o déficit ao aumento maior das importações, decorrente de um crescimento mais forte da economia brasileira. Para ele, essa é a primeira explicação para o resultado. Ele destacou que o aumento da renda faz com que mais brasileiros viagem ao exterior, expandindo o resultado negativo da conta dos serviços com viagens.

O maior lucro das empresas instaladas no Brasil e o cenário desfavorável no exterior, principalmente nos países da Europa, têm levado ao crescimento das remessas de lucro e dividendos. O mesmo cenário estimula o aumento dos investimentos brasileiros no exterior. Na conta de serviços, também pesa para o déficit em conta corrente o aumento dos gastos com transportes, decorrentes do maior volume de importações. “Para não haver déficit o Brasil não poderia crescer 7%, mas apenas 2%”, afirmou.

Dólar

O ministro da Fazenda afirmou ainda que é favorável à atuação do Banco Central (BC) no mercado futuro de câmbio. “Não apenas com swap reverso, mas com outros instrumentos”, disse. “Sou favorável à atuação no mercado futuro, sempre que houver necessidade”, afirmou, ao comentar rumor no mercado de que o BC vai atuar no mercado oferecendo contratos de swap reverso. Nos leilões de swap cambial, as instituições financeiras compram contratos e recebem uma taxa de juros. O BC, por sua vez, ganha a variação cambial no período de validade dos contratos.

Questionado quais seriam esses instrumentos, Mantega destacou a limitação para exposição cambial para as instituições financeiras. “São instrumentos clássicos, já usados”, disse. Mantega disse que não vê no momento ação especulativa forte no mercado cambial, mas que cabe ao BC acompanhar. Ele evitou, no entanto, afirmar se o BC já deveria atuar no mercado futuro.

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