A imagem do ladrão mascarado com uma arma em punho ficou no passado. O risco, agora, vem de hackers como os que desenvolveram o WannaCry. Em maio do ano passado, esse programa, criado para se alojar em computadores e impedir o acesso a arquivos, travou 230 mil máquinas em 150 países. Conhecido como ransomware, o WannaCry provocou bilhões de dólares em prejuízos. E não foi o único. Segundo uma pesquisa da Norton Cyber Security, o prejuízo foi de US$ 172 bilhões, em 2017. No Brasil, 62 milhões de internautas perderam US$ 22 bilhões para criminosos virtuais.

As cifras elevadas assustam as empresas, e geram demanda por um novo tipo de seguro: as apólices contra os riscos cibernéticos. Segundo Antonio Cássio dos Santos, CEO das Américas e Europa do Sul da seguradora Generali, o mercado global é de US$ 1,35 bilhão, podendo chegar a US$ 7,5 bilhões em 2020. “Esse seguro tem crescimento exponencial no mundo, mas ainda é imaturo no Brasil”, diz o executivo. Prova disso é que a Confederação Nacional dos Seguros (CNSeg) não tem dados específicos sobre eles. Segundo Santos, poucas empresas percebem a importância desse seguro. “As ameaças vão de lucros cessantes à extorsão cibernética, passando pelo vazamento de informações sigilosas”, diz Santos.

A proteção contra invasões virtuais começou a ser desenvolvida pela seguradora americana AIG durante os anos 1990, mas só chegou ao Brasil em 2012. A seguradora cobre todos os gastos da empresa para resolver a situação com disputas judiciais decorrentes do ataque até os lucros cessantes da paralisação de uma operação online. “Um site de comércio eletrônico não pode ficar parado”, diz Flávio Sá, gerente de linhas financeiras da AIG Brasil. “Cobrimos o que ele deixou de vender.” A AIG não revela números, mas afirma que as contratações deste tipo de serviço no País mais do que dobram a cada ano.

Generali e AIG não são as únicas a oferecer esse tipo de proteção. A seguradora Tailor e a corretora BR Insurance já trabalham com isso. Fernando Cirelli, superintendente de linhas financeiras da BR Insurance, afirmou à DINHEIRO, em fevereiro deste ano, que o crescimento na procura pelos cyberseguros era exponencial. “Até a metade do ano passado, foram vendidas um total de 100 apólices no Brasil. Neste ano, o número já está chegando a 200.” Faz sentido, principalmente porque o Brasil é o segundo país em perdas monetárias com ataques virtuais, atrás apenas da China. Os seguros, contudo, não resolvem todos os problemas. “A contratação não vai garantir que a empresa não seja vítima de um ataque”, diz Felippe Batista, especialista em Segurança da Informação da Trend Micro. “Serve como um último recurso, para mitigar o prejuízo financeiro.”


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