O coordenador executivo do Comitê de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, disse ser injusta a penalidade imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que decidiu nesta segunda-feira (9) suspender os testes clínicos com a vacina Coronavac por, segundo o órgão regulador, A mesma apresentar efeito adverso grave em um voluntário. O imunizante está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Segundo o presidente do Instituto, Dimas Covas, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, e Gabbardo, o efeito colateral não tem qualquer relação com os testes da vacina. “É impossível que a reação adversa tenha relação com a vacina”, taxou Covas.

“Me sinto muito constrangido porque, por razões éticas, não podemos ser transparentes em relação ao que está acontecendo hoje. Se vocês pudessem ter acesso às informações que nós temos em relação a este caso, poderiam identificar o quão injusta está sendo está penalidade”, afirmou Gabbardo durante entrevista coletiva no Instituto Butantan.

Gabbardo ainda questionou a motivação da decisão da Anvisa, que, “coincidentemente, acontece no mesmo dia em que o governo de São Paulo anuncia a chegada das primeiras doses da vacina e apresenta a proposição, início de obras, prazos e cronograma de conclusão para que o Butantan possa ter condição de produção desta vacina”.

Gabbardo, que serviu como secretário executivo do Ministério da Saúde, sob gerência do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, disse lamentar que a suspensão tenha sido usada por “lideranças políticas muito importantes” como “motivo para festejar”.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais condenar a vacina, criticar Doria e dizer que “ganhou mais uma”, em referência a disputa política que vem ocorrendo entre o governo federal e o de São Paulo em torno do imunizante.

Segundo Covas, o Butantan aguarda posicionamento da Anvisa sobre os estudos e reforçou o sigilo do caso por respeito ético ao paciente e família. Para Covas, cabe à agência dar detalhes sobre o caso, uma vez que “as informações podem ser dolorosas” aos familiares. O presidente do instituto reforçou ainda que a vacina é segura, não apresenta efeitos colaterais graves e assegurou os voluntários de que não terão efeitos adversos.