Blumenau, a cidade catarinense fundada por alemães no Vale do Itajaí, é conhecida por sediar grandes empresas do setor têxtil e também a maior festa germânica do Brasil, a Oktoberfest, onde o combustível é a cerveja. Pois foi lá que, há 25 anos, o empresário Adolar Leo Hermann criou uma das mais influentes importadoras de vinhos do Brasil, a Decanter. Não deixa de ser curioso que ele tenha transformado sua paixão por vinho em um negócio tão longevo justamente na cidade onde a tradição manda beber cerveja. Mas o berço geográfico da Importadora Decanter não chega a ser algo improvável. O sobrenome Hermann evoca o nome do fundador do município, o químico e farmacêutico Hermann Otto Blumenau. E a Decanter foi criada justamente quando Adolar se aposentou, em 1997, depois de uma carreira como executivo no setor têxtil. Até os 60 anos, o vinho era para ele um hobby. Virou um negócio muito bem sucedido. E, agora, repleto de planos para o futuro.

+ A soma de forças que é uma ótima notícia para o futuro do vinho brasileiro

Em seus 25 anos à frente da Importadora Decanter (cujas comemorações oficiais têm início nesta semana), Adolar Hermann tem sido um dos principais responsáveis pela construção, fortalecimento e expansão da cultura do vinho no Brasil, sempre apresentando novos produtores e propostas inéditas de consumo e conhecimento da bebida. Entre os achados desse pioneirismo estão grandes brancos da Alemanha, como era de se esperar, vinhos laranja (até então pouco conhecidos no mercado brasileiro) e biodinâmicos de diversos países. Ele também criou uma confraria para compartilhar seu conhecimento com críticos, enófilos e especialistas no assunto.

“Desde o início nosso propósito é surpreender os consumidores e o mercado com uma carta de vinhos cuidadosamente lapidada, que oferece a melhor relação preço-prazer”, afirmou Adolar Hermann. Hoje, o catálogo tem cerca de 100 produtores de 13 países. Entre as marcas que a importadora ajudou a construir no Brasil estão a argentina Luigi Bosca, a chilena Villard, as italianas Pio Cesare e Ferrari. Da França, Hermann trouxe Paul Mas, hoje o produtor de maior sucesso no Languedoc-Roussillon. De Portugal, Anselmo Mendes, mestre da uva Alvarinho. Esses são apenas alguns dos exemplos de produtores de alto nível que chegam ao Brasil por meio da Decanter, também pioneira na produção de vinhos próprios.

Em 2009, a empresa comprou um vinhedo em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste (RS), onde fundou a Vinícola Hermann, tornando-se a única importadora a produzir vinhos no Brasil. E o enólogo português Anselmo Mendes foi escolhido para ser o consultor inicial da vinícola, hoje comandada por Maike Rosa. O projeto deu origem aos espumantes Bossa e Lírica (incluindo o sur lie Lírica Crua, cujas leveduras permanecem na garrafa) e aos vinhos da linha Matiz. Na escolha dos rótulos que se integram ao portfólio, além do próprio Adolar e de seu filho Edson Hermann, está o premiado sommelier Tiago Locatelli, eleito o melhor do Brasil pela ABS-SP em 2019.

A celebração dos 25 anos marca também o início de uma era de inovações na empresa. “Estamos desenvolvendo novas estratégias, um novo posicionamento e um plano de expansão agressivo no formato de lojas licenciadas”, afirmou Heloisa Hermann Dallacorte, diretora de marketing do grupo. O novo posicionamento se reflete no conceito de joalheria, que passa a ser a assinatura da empresa.

A estratégia de crescimento prevê a expansão das Enotecas Decanter. Atualmente, são duas lojas próprias – em Blumenau e em São Paulo – e outras 22 parceiras localizadas em diversos estados do Brasil. O objetivo, segundo a direção da empresa, é ampliar essa rede “para que mais apaixonados por vinhos possam ter a oportunidade de provar as grandes joias do grupo e viver as experiências únicas que elas proporcionam”.