Ausente no 35º Congresso Mineiro de Municípios, primeiro evento que reuniu os principais postulantes ao Palácio da Liberdade, o governador Fernando Pimentel (PT), que deve tentar a reeleição, foi o alvo preferido dos pré-candidatos ao governo de Minas Gerais. Pimentel também foi hostilizado pelo público, formado por prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de municípios mineiros, que vaiou o governador quando a organização do evento, realizado no estádio do Mineirão, anunciou sua ausência.

O debate consistiu em uma apresentação dos pré-candidatos, seguido de três perguntas sobre temas diversos, direcionadas a cada um e escolhidas por sorteio, sem haver, no entanto, perguntas diretas entre os pré-candidatos. Meio ambiente, reforma tributária, questões habitacionais, de gênero, saúde e educação, estavam entre os principais temas das questões. A reforma tributária e a melhoria nos repasses do governo estadual para os municípios estavam entre os principais pontos defendidos pelos pré-candidatos.

O senador Antonio Anastasia (PSDB) disse ser necessário salvar o Estado. “Minas Gerais precisa ser reconstruída do seu piso ao seu telhado. Essa reconstrução deve ser coletiva, jamais com um salvador da pátria”. O senador também defendeu a realização de ampla reforma tributária, com redução planejada de tributos, sem no entanto, considerar a redução completa.

Pré-candidato do DEM, o deputado federal Rodrigo Pacheco, por outro lado, apresentou-se como uma alternativa à polarização política em Minas Gerais. “Não vou me furtar ao direito de apresentar a Minas Gerais uma alternativa que resgate os valores mais caros de nosso Estado”. Pacheco ainda declarou que a geração de empregos é o melhor programa social, pois evita a existência de um grupo que depende do Estado.

Durante as apresentações, os pré-candidatos Antonio Anastasia (PSDB) e Rodrigo Pacheco (DEM), foram os mais aplaudidos no evento.

Um dos pré-candidatos do MDB, o vice-governador Antonio Andrade destacou que rompeu com o atual governante por discordar da forma como Pimentel escolheu lidar com os repasses para os municípios e afirmou que o petista não “teve coragem para vir ao encontro dos pré-candidatos, pois certamente seria vaiado”.

João Batista Mares Guia, pré-candidato da Rede, declarou ser favorável a reforma tributária e fiscal. “Minas está falido, por conta de inépcia. Inclusive há risco de impopularidade, porque as medidas serão duras”.

Além de criticar a ausência de Pimentel, Mares Guia também criticou o senador Aécio Neves (PSDB), a quem chamou de “de impostor que traiu Minas Gerais” e chamou os demais pré-candidatos para um debate aberto, com perguntas diretas entre eles.

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), se esquivou de atacar diretamente o governo estadual e direcionou suas críticas a Brasília. “Não basta querer mudar só Minas Gerais, nós dependemos muito de Brasília. Nós precisamos desmontar o Estado ineficiente, pesado e caro, que se criou na União”. O ex-prefeito de Belo Horizonte também defendeu uma menor interferência do Ministério Público e do poder judiciário sobre os prefeitos.

Única pré-candidata ao governo de Minas, Dirlene Marques (PSOL) ressaltou a importância de maior participação feminina na política mineira. “Nós podemos trazer outro tipo de visão, outro tipo de processo e mostrando que a mulher também sabe fazer política, mesmo com todas as dificuldades”.

Defendendo um enxugamento da máquina pública por meio do corte de cargos e secretarias, o empresário Romeu Zema (Novo) ampliou as críticas para a classe política como um todo. “Chega de termos um Estado gigante que quer controlar todas as decisões e ficam controlando verbas que são enviadas para municípios”.

O presidente da Associação Mineira de Município (AMM), Julvan Lacerda (MDB), declarou que o debate atendeu as expectativas dos prefeitos que compareceram ao congresso. “Nós temos pré-candidatos ao governo de Minas do nível para serem candidatos a Presidência da República. Apresentaram suas propostas de uma forma respeitosa e fazendo compromissos com a pauta municipalista”.

Por conta da dívida do Estado com os municípios, que chega a R$ 5,9 bilhões, Julvan Lacerda declarou que os prefeitos irão tomar medidas para forçar que o governo pague os repasses e que cogitam até a paralisação de alguns serviços públicos.