A entrada dos gigantes do mercado financeiro internacional no País deixou próxima da extinção a espécie dos banqueiros de investimento brasileiros. Um deles, porém, vendeu o controle de sua instituição financeira já há dois anos e agora está mais banqueiro do que nunca. Aldo Floris, o homem que controlava o pequeno Banco Liberal, no Rio, virou de uma hora para outra o chairman do Bank of America no Brasil. Sob seu comando, Floris terá agora, além do próprio Liberal, o antigo Multibanco, de São Paulo, instituição que o conglomerado americano já controlava integralmente muito antes de pensar em pôr os pés no Rio. Em termos de poder, o banqueiro não tem do que se queixar de seu novo status após a entrada dos americanos: o seu antigo banco, uma típica instituição de tesouraria e fundos de investimento, que tinha ativos totais de R$ 500 milhões há dois anos, já ultrapassa a casa de R$ 1,5 bilhão desde o início do ano. Com o Multibanco também debaixo de seu comando, Floris passou a ter presença importante em um mercado que o Liberal nunca explorou, o de crédito para grandes empresas.

O anúncio da nova estrutura dos negócios do conglomerado no Brasil, na semana passada, premiou o banqueiro por acreditar em uma estratégia que quase todos os grupos estrangeiros anunciam ao fazer uma aquisição no País, mas, na hora de tirar do papel, esquecem: a de apostar em executivos locais para tocar o negócio. Para efeitos legais, Liberal e Multibanco serão ainda dois bancos independentes, Bank of America-Liberal, no Rio, e Bank of America-Brasil, em São Paulo. Mas estarão ambos sob o comando direto de uma única holding e sob o comando de Floris. A hierarquia do grupo criou um daqueles típicos cargos pomposos de banco americano para abrigá-lo, o de senior banking executive no País. Floris e os sócios que o acompanham desde os tempos de independência do Liberal, como o ex-presidente do Banco Central Antônio Carlos Lemgruber, ainda têm 30% do Liberal.

Depois de impulsionar um salto nos ativos do Liberal, o Bank of America quer agora pôr a corretora de valores do banco entre as maiores do País. O grupo surpreendeu ao contratar de uma só tacada uma leva de dez funcionários da Capital Market, corretora que também vinha tentando ganhar tamanho rapidamente no mercado e que havia contratado das concorrentes os profissionais com acesso aos maiores clientes do País. ?O mercado ficou surpreso. Está todo mundo agora de olho na Liberal?, conta um corretor concorrente.