O mundo lamentava, impotente, o incêndio que destruía, nesta segunda-feira (15), a catedral de Notre-Dame, em Paris, “símbolo da França” e da cultura europeia, segundo a chanceler alemã, Angela Merkel, enquanto o presidente americano, Donald Trump, qualificou o ocorrido como algo “horrível de se ver”.

Trump foi um dos primeiros chefes de Estado a se manifestar, pedindo em um tuíte uma ação imediata, quando as imagens de TV mostravam ao vivo o episódio dantesco.

“É tão horrível ver o enorme incêndio na catedral de Notre-Dame, em Paris. Talvez possam usar aviões-tanque para apagá-lo. Deve-se agir rapidamente!”, tuitou Trump.

Os principais canais de notícias americanos alteraram sua programação para transmitir imagens ao vivo do incêndio. Melania Trump, primeira-dama dos Estados Unidos, disse estar com o “coração partido” pelos parisienses, ao ver as chamas devorando a catedral.

O ex-presidente Barack Obama disse que é humano lamentar as perdas “mas também é nossa natureza reconstruir para amanhã, com tanta força quanto puder”.

– A dor de Merkel –

“Estas imagens horríveis de Notre-Dame em chamas doem. Notre-Dame é um símbolo da França e da nossa cultura europeia. Nossos pensamentos estão com os amigos franceses”, tuitou o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.

O ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, considerou pouco antes, por sua vez, que o incêndio atingia “também o coração” dos alemães.

Os principais canais de informação contínua alemães também transmitiram imagens ao vivo do ocorrido.

O mesmo ocorreu na Itália, onde o chefe de governo, Guiseppe Conte, lamentou o que chamou de “golpe no coração dos franceses e dos europeus”.

– Uma história de 850 anos em chamas –

O chefe de governo espanhol também destacou o golpe na civilização europeia.

“O incêndio de Notre-Dame é uma catástrofe para a França. É também para a Espanha e para a Europa. As chamas estão arrasando 850 anos de história, de arquitetura, de pintura, de escultura. Será difícil esquecer. A França pode contar conosco para recuperar a grandeza de seu patrimônio”.

A Unesco também ofereceu de imediato sua disposição para ajudar a restaurar este patrimônio inestimável, segundo sua diretora-geral, Andrey Azoulay. A catedral foi declarada Patrimônio da Humanidade em 1991 pelo organismo com sede em Paris.

Em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “horrorizado” pela destruição de uma “joia única do patrimônio mundial, que reina em Paris desde o século XIV”.

O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, disse no Twitter que seu país se solidariza com a França “diante do devastador incêndio” de um “ícone da história dessa nação e da Europa”.

Iván Duque da Colômbia e o chanceler peruano Néstor Popolizio também enviaram mensagens de solidariedade, assim como a chancelaria do México.

O presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, enviou uma mensagem ao presidente francês Emmanuel Macron. “Sabemos que o povo francés, sempre à vanguarda da cultura mundial, se recuperará dessa tragédia”.

– Notre-Dame é de todos –

Também dos Estados Unidos, onde está em visita, o presidente do Equador, Lenin Moreno, disse que viu com “tristeza infinita” as imagens do incêndio “de um monumento patrimônio da humanidade”.

“A catedral de Notre-Dame pertence a todos. Devemos ajudar a cuidar da memória e da história do mundo. Estamos perdendo um tesouro, uma página da cultura mundial”.

O presidente Jair Bolsonaro também lamentou os danos à Notre-Dame.

“Em nome dos brasileiros, manifesto profundo pesar pelo terrível incêndio que assola um dos maiores símbolos da cultura e da espiritualidade cristã e ocidental, a catedral de Notre-Dame, em Paris. Neste momento sombrio, as nossas orações estão com o povo francês”, tuitou.

– Orações de Londres ao Vaticano –

Em mensagem que veio a público antes da do próprio Vaticano, a Igreja Anglicana da Inglaterra anunciou estar rezando pelos serviços dos bombeiros e pelos socorristas que lutavam contra as chamas.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, dirigiu seus “pensamentos” ao povo da França e o prefeito de Londres disse que lhe partia “o coração ver Notre-Dame em chamas”.

O papa Francisco não se manifestou, mas um porta-voz do Vaticano manifestou pouco depois sua “incredulidade” e sua “tristeza”.

“Manifestamos nossa proximidade com os católicos franceses e a população parisiense. Rezamos para os bombeiros e todos aqueles que estão fazendo todo o possível frente a esta situação dramática”.

A Igreja Católica na Terra Santa também informou que reza para que o incêndio que devastou a catedral de Notre-Dame seja “não intencional” e expressou solidariedade com a Igreja da França.

“Rezamos para que não haja feridos, para que o incêndio não tenha sido intencional e para que se dê o menor dano possível à igreja”, declarou em um comunicado divulgado de Jerusalém.

“Expressamos nossa solidariedade com a Igreja da França”, acrescenta o texto.

À noite, os bombeiros garantiram que a estrutura de pedra da catedral emblemática permanecerá de pé. O edifício, danificado durante a Revolução Francesa no século XVIII, foi reformado no século XIX e sobreviveu quase sem mais danos a várias guerras, incluindo as duas guerras mundiais do século XX.

O teatro La Fenice em Veneza, um dos mais prestigiados do mundo, reconstruído após ser devastado por um incêndio em 1996, enviou uma mensagem de encorajamento aos franceses. “Nós queimamos duas vezes, mas duas vezes nos erguemos das cinzas com maior vigor. Estamos com vocês amigos, não tenham medo”, escreveu a administração do teatro italiano nas redes sociais.