A cearense M. Dias Branco sabe bem do seu tamanho e do que ainda pode crescer. No Brasil, a companhia de massas e biscoitos lidera a presença no mercado, com pouco mais de um terço de participação e com crescimento quatro vezes superior à média do setor. Isso, no entanto, não é razão para que a empresa criada em 1953 por Francisco Ivens de Sá Dias Branco (que morreu em 2016), filho do padeiro português Manuel Dias Branco, se acomode. Pelo contrário. O objetivo é claro: conquistar espaço no exterior, com a montagem de fábrica ou compra de empresa já consolidada.

Do total de R$ 1,89 bilhão da receita líquida registrada no segundo trimestre, que representou alta de 22,2% sobre o mesmo período de 2019, as exportações significaram 2%. E os planos da empresa de Fortaleza, segundo o vice-presidente de Investimentos e Controladoria da M. Dias Branco, Gustavo Theodozio, é de aumentar em três pontos percentuais até 2022 para, a partir daí, conquistar o mundo. “Temos grande capacidade para ser um importante player global”, afirmou o executivo.

O caminho para chegar aos Estados Unidos e à União Europeia, os principais mercados no alvo, passa pela América do Sul, principalmente por causa da enorme desvalorização do real frente ao dólar. “Há grandes empresas na América Latina que podem ser parceiras de negócios. Depois o caminho natural é Estados Unidos e Europa”, disse Theodozio. Com exceção da Oceania, os produtos da M. Dias Branco estão presentes em 37 países, com volume maior na América Latina. Hoje a empresa tem 15 unidades industriais, entre fábricas de massas, biscoitos, margarinas e moinhos, e 17,5 mil funcionários.

GUSTAVO THEODOZIO Empresa: M. Dias branco Cargo: vice-presidente de investimentos e controladoria. Principal realização da estão: sinergia, redução de custos e internacionalização das marcas. (Crédito:Divulgação)

A perspectiva de crescimento financeiro e geográfico está fincada no bom fôlego financeiro da companhia, principalmente no montante de R$ 1,4 bilhão em caixa e na baixa alavancagem, de 0,4 o endividamento em relação ao Ebitda. Um indicador desse reflete na nota AAA (bra), atribuída em setembro pela agência de análise de risco Fitch Ratings.

Com isso, a companhia pretende expandir algumas de suas 19 marcas pelo Brasil. Cinco delas, incluindo as massas Vitarella, com presença forte em Pernambuco, a Adria, com grande atuação em São Paulo, e a Piraquê, no Rio de Janeiro, serão nacionalizadas. Com uma fábrica no exterior, a previsão é de que esses itens sejam produzidos fora e conduzam o processo de internacionalização. Ainda que não revele o nome, Gustavo Theodozio reconhece que a M. Dias Branco também planeja aquisição de companhias do segmento no Brasil.

A mais recente delas, a compra da Piraquê, em 2018, mostrou-se certeira, com bons resultados na receita da empresa. Logo que chegou ao portfólio da M. Dias Branco, respondia por 7% do faturamento. Hoje, passa de 10%. O ponto alto para a compra foi a possibilidade de redução de custos. “Na conta, consideramos a sinergia de todos os departamentos, logística de distribuição e produção. Além disso, analisamos o potencial de crescimento, que já começa a se consolidar”, afirmou Theodozio.

“Há grandes empresas na América Latina que podem ser parceiras de negócios. Depois o caminho natural é Estados Unidos e Europa” Gustavo Theodozio, vice-presidente de Investimentos e Controladoria.

Nos primeiros seis meses de 2020, a empresa cresceu. Foram comercializados no semestre 291,3 mil toneladas de biscoitos e 234,6 mil toneladas de massas (totalizando 525,9 mil toneladas), alta de 19,1% em biscoitos e 32,7% em massas em comparação ao resultado do primeiro semestre de 2019. Entre maio e junho, o lucro líquido saltou de R$ 100,6 milhões no segundo trimestre do ano passado para atuais R$ 152,4 milhões, alta de 51,5%. No semestre, o resultado foi ainda melhor. Entre janeiro e junho deste ano, a alta na receita foi de 23,2% e, no lucro líquido, alcançou 83,7% de crescimento. A M. Dias Branco fechou 2019 com marketshare de 32% em biscoitos. Após seis meses, o percentual subiu para 34,5%. No caso de massas, saltou de 32,2% para 34,9%.

Para seguir crescendo, justamente em um momento de retomada da indústria brasileira a partir da crise econômica, por causa da pandemia da Covid-19, a M. Dias Branco planeja investir. O objetivo é fechar com aportes de R$ 250 milhões em compras de equipamentos, ações tecnológicas e incentivos a programas de aceleração de startups. “A tendência é de que mesmo no cenário pós-Covid, a M. Dias Branco continue com crescimento forte”, disse Theodozio. Quando o assunto é massa e biscoito, a crise ficou longe do Ceará.

As melhores

 

1. M. DIAS BRANCO 379,80 PONTOS

2. 3 Corações* 370,45 PONTOS

3. AURORA 353,60 PONTOS