No final da década de 60, o paranaense Udir Cantu viajava de Pato Branco até Curitiba para carregar seu caminhão com frutas, verduras e legumes que vendia nos fundos de casa. O negócio, que começou de forma tão modesta, foi prosperando até o comerciante ganhar da clientela o apelido de “Rei da Verdura”. E continuou crescendo a ponto de dar origem a outro empreendimento: uma importadora de bebidas. Fundada há 18 anos pelo filho caçula de Udir, Peterson Cantu, ela chegou ao mercado oferecendo apenas rótulos da então pouco conhecida Viña Ventisquero, do Chile. “Começamos oferecendo vinhos de porta em porta”, afirmou Peterson Cantu.

De lá para cá, a empresa passou a ter exclusividade para comercializar no Brasil marcas de prestígio como Susana Balbo (Argentina), Quinta de Bons Ventos (Portugal) e Torres (Espanha), em um total de 400 marcas, algumas líderes em seus segmentos. A empresa chega à maturidade entre as maiores do mercado e com sede de crescer. Em maio de 2021, foi adquirida por R$ 180 milhões pelo Grupo Wine, líder no ranking de importação de vinhos no Brasil.

ENSINANDO A VENDER “O segredo para continuar crescendo ano após ano e conquistar a solidez que temos hoje no mercado é estar sempre perto dos nossos clientes”, disse Cantu. “Da mesma forma como o consumidor está aprendendo a beber vinho, temos que ensinar o nosso cliente a vender.” Uma das estratégias para isso foi desenvolver um plano de marca para cada cliente. Segundo ele, graças a esse entendimento do mercado, a Ventisquero passou à terceira posição em vendas entre as vinícolas chilenas no Brasil.

Com centros de distribuição em cinco estados, os 400 rótulos do portfólio da Cantu chegam a 15 mil pontos de venda, abastecendo desde redes de supermercados até alguns dos restaurantes mais sofisticados da capital paulista, entre eles D.O.M, Mani, Kinoshita e Rubaiyat, além dos hotéis de luxo Emiliano e Palácio Tangará.

Após a aquisição, o fundador foi mantido no comando do negócio, cuja operação é complementar à da Wine, dona maior clube de assinaturas de vinho do mundo e atua no varejo físico com uma rede de lojas próprias. A Cantu, por sua vez, se especializou no segmento B2B e conquistou mercado por meio de parcerias com grandes vinícolas. “Nosso propósito é trazer marcas de expressão mundial”, afirmou o head de negócios, Julio Vargas. Tem funcionado. “Apesar de o mercado em geral sentir uma queda nas vendas, as nossas cresceram no primeiro semestre deste ano”, disse Cantu.

Sem revelar os produtores que pretende trazer para o Brasil, ele antecipou que algumas novidades serão lançadas na ProWine, feira do setor que será realizada em São Paulo no final deste mês. Ao que tudo indica, serão vinhos de alta gama, segmento cuja demanda está aquecida e para o qual há escassez de oferta.