(Reuters) – Seria “razoável” para o Federal Reserve aumentar a taxa de juros em 50 pontos-base no próximo mês se a economia evoluir como esperado, disse a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, nesta quarta-feira, ao alertar mais uma vez que os formuladores de política monetária estão decididos a reduzir a inflação mais alta em décadas.

“Eu começo com a ideia de que 50 seria uma coisa razoável a se fazer em setembro, porque acredito que estou vendo evidências em minhas conversas pessoais e nas observações do mundo que existem alguns pontos positivos para mim”, disse Daly em entrevista à Reuters.

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Dito isso, “se apenas virmos a inflação avançando sem medo, o mercado de trabalho não mostrando sinais de desaceleração, estaremos em uma posição diferente, onde um aumento de 75 pontos-base pode ser mais apropriado. Mas fico com 50 em mente enquanto olho para os dados que chegam”, acrescentou Daly.

Os mercados responderam ao aperto da política monetária do Fed, mas outras evidências do efeito das ações do banco central dos EUA na economia ainda não foram vistas, observou a presidente do Fed de São Francisco.

“Temos muito na trajetória de aperto, mas ainda temos que ver a desaceleração se revelar completamente”, disse ela.

Após as observações de Daly, investidores em contratos futuros vinculados à taxa de juros de curto prazo do Fed reduziram a probabilidade de o banco central dos EUA aumentar os custos dos empréstimos em 75 pontos-base em sua reunião de 20 a 21 de setembro.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que o banco central pode considerar outro aumento “extraordinariamente grande” da taxa na reunião do próximo mês, com as autoridades sendo guiadas por mais de uma dúzia de dados críticos que abrangem inflação, emprego, gastos do consumidor e crescimento econômico entre agora e o momento do encontro.

Vários formuladores de política monetária, incluindo Daly, mostraram uma determinação cada vez mais forte esta semana para continuar com o aperto agressivo do Fed, com quase todos sinalizando uniformemente que o banco central continua determinado a avançar com aumentos de juros até que veja evidências fortes e duradouras de que a inflação está no caminho de retorno para a meta de 2% da instituição.

Daly também disse que aumentar a taxa básica do Fed para 3,4% até o final deste ano “é um ponto razoável para pensar onde chegaremos”, acrescentando que ela não acredita que o banco central já tenha atingido o limite em os juros seriam considerados restritivos. Daly disse que vê a taxa básica sendo restritiva em torno do nível de 3%.

A estimativa mediana entre os formuladores de política monetária do Fed para a chamada taxa neutra, o nível que não estimula nem freia o crescimento econômico, é de 2,5%.

O banco central elevou sua taxa referencial para empréstimos de curto prazo em mais 0,75 ponto percentual na semana passada, para uma faixa entre 2,25% e 2,50%. A instituição aumentou essa taxa em 225 pontos-base desde março, já que as autoridades têm sido cada vez mais agressivas para tentar reprimir a alta inflação, mesmo com o aumento dos temores de recessão.