O procurador da República Deltan Dallagnon, integrante da Operação Lava Jato, acredita que a “maior ameaça ao combate à corrupção vem do Congresso”. Por isso, fez um apelo à população para que não vote nos políticos envolvidos nas investigações e assim promova uma renovação na Casa a ponto de garantir a aprovação de leis anticorrupção.

Ao todo, cinco procuradores – de Curitiba (PR), Rio e São Paulo – participam na tarde desta segunda-feira, 27, de coletiva da imprensa para comunicar um apelo à população com foco nas eleições do ano que vem. “A renovação do Congresso pode levar à diminuição dos índices de corrupção”, afirmou Dallagnol. Também presente, o procurador da República Eduardo El Hage atacou especialmente o foro privilegiado.

“O foro privilegiado dificulta as investigações”, disse. Em seguida, Dallagnol acrescentou que o Ministério Público espera “que o STF (Supremo Tribunal Federal) dê resposta rápida à questão do foro privilegiado”. O tema foi debatido no Supremo na semana passada, quando a maioria dos ministros votou por restringir o foro a deputados federais e senadores, mas o processo foi interrompido após o ministro Dias Toffoli pedir vista.

Crítico à estrutura e capacidade do STF de dar resposta aos casos de corrupção, Dallagnol disse ainda que a “Justiça não só demora. Demora, demora, demora…” Ele negou que a Lava Jato esteja perto do fim e reforçou que a renovação dos cargos políticos ajudará o trabalho da equipe envolvida na operação. Já o procurador Hage afirmou que “ainda há um oceano de corrupção” a ser investigado no Rio de Janeiro.

Durante a coletiva de imprensa, Dallagnol ainda negou a intenção de qualquer procurador em se candidatar a cargos públicos no ano que vem. E disse que qualquer afirmação nesse sentido é uma tentativa de desmoralização da Lava Jato.