Pé na areia, roupas leves e uma trilha sonora animada ambientam uma partida de beach tennis — ou tênis de praia, como é conhecido no Brasil. Um esporte que, apesar do nome, dispensa a praia. A onda subiu a serra com um estilo de vida praiano que invadiu as selvas de pedra. Do alto dos prédios espelhados da Faria Lima, centro financeiro da capital paulista, a visão é das cada vez mais comuns quadras de areia esparramadas sobre o concreto. Os complexos têm aulas, fisioterapia e até massagem. No cardápio dos seus bares e restaurantes: água de coco, açaí, cerveja e pratos à base de peixes e frutos do mar. A atividade física mais aclamada do verão 2022 é de alta queima calórica (cerca de 500 calorias/aula) e já não é difícil de ser encontrada. Em regiões nobres de São Paulo a média é de uma arena a cada dois quilômetros.

A demanda é alta em todo o País. O maior polo de beach tennis do Brasil está 100 quilômetros adiante do caos paulistano: na região de Campinas, interior do estado. Ali, onde as temperaturas são altas, o tempo é aberto e firme e os terrenos, abundantes, os espaços para prática do esporte se multiplicam aos milhares. O setor da construção civil já despertou para esse movimento e quase não existem mais condomínios de luxo novos sem uma quadra de areia. “Encontramos uma maneira de levar a praia para perto de casa”, disse Jorge Bierrenbach, diretor da Confederação Brasileira de Beach Tennis. Ele mesmo, morador do litoral, passa mais tempo hoje longe do mar em viagens para inaugurar centros de treinamento do que na praia.

O estilo do beach tennis atraiu 500 mil praticantes desde que a modalidade chegou ao Brasil, em 2008. A maioria, no entanto, só aderiu ao esporte no último ano, aumentando o interesse das marcas para esse universo. Em 2021, a Tecnisa se tornou parceira da Posto 011 na gestão de uma unidade itinerante de tênis de praia em Pinheiros, onde a construtora ergue um projeto imobiliário. A rede especializada em esportes de areia tem seis unidades em São Paulo, mas deve chegar a 12 até julho deste ano. Os novos endereços, nas regiões da Vila Mariana, Planalto Paulista, Alphaville e Perdizes, darão conta do boom da demanda. A Posto 011 ainda mantém o restaurante Selva Verde, com a proposta de comida saudável, nas unidades Moema e Jardins. Patrocinadores como a Adidas e a Ambev, que banca o espaço Corona, ajudam a sustentar uma agenda de eventos e torneios.

PLANOS MENSAIS Na Soul Beach Arena, no bairro paulistano do Ipiranga, a Ambev é a única parceira em comum com a Posto 011. Por lá, surgem outros nomes, como a Mormaii, que mantém uma equipe de atletas e vende itens e acessórios para a prática do beach tennis, e a Nutren Protein, linha de suplemento alimentar da Nestlé. A ambientação praiana neste complexo, com quatro quadras de areia e piscina semiolímpica, fica também a cargo do paredão colorido do artista plástico Mena e do lounge bar decorado em estilo rústico com madeira de eucalipto, palha e pranchas. O plano mensal na Posto 011 gira em torno de R$ 300, enquanto na Soul Beach Arena, o valor das aulas varia entre R$ 260 e R$ 1,4 mil, dependendo da frequência e do tamanho do grupo. Ambas oferecem day use para não alunos, por
R$ 30 e R$ 60, respectivamente.

A comunidade do beach tennis é engajada on e off-line. Movimenta curtidas nas redes sociais e shows em bares e restaurantes das arenas. Com um público de classe A, o mercado que se consolidou tem preços elevados. A Penalty acaba de lançar sua linha especializada para o tênis de praia, cujas raquetes de fibra de carbono podem ultrapassar R$ 1,5 mil. Já a Hope está entre as marcas nacionais que entrou em quadra com uma coleção especial para o beach tennis. A campanha da Resort, do Grupo Hope, tem peças de R$ 89 a R$ 269, incluindo boné, shorts e maiô regata. Tudo dentro da proposta leve e divertida, ao estilo que o tênis de praia pede.