O tal do novo normal tem virado realidade especialmente em um dos segmentos mais afetados após as medidade de isolamento social em março de 2020, o da educação. O cenário mudou com o retorno gradual dos estudantes às salas. Na Ânima Educação, 140 mil dos 330 mil alunos já participam de atividades nos 142 campi de 18 instituições distribuídas pelo País. De olho neste contingente, a companhia se associou à gestora de recursos imobiliários VBI Real Estate para construir moradias estudantis. “Esta aliança é inédita e exclusiva no Brasil”, afirmou à DINHEIRO Marcelo Battistelli Bueno, CEO da Ânima Educação. “Estamos trazendo para o País um hábito dos alunos americanos e dos europeus de moradia nos campi universitários.”

Dados do Ministério da Educação apontam a existência de 8,5 milhões de universitários no Brasil. E a estimativa é que ao menos 20% deles tenham saído da casa da família para estudar. O projeto da Ânima Educação e da VBI prevê a construção de 15 prédios de residenciais nos próximos sete anos, com 5 mil camas. Cada edifício terá em média 300 quartos. A operação do novo projeto ficará sob responsabilidade da startup Uliving, que conta os dias para a estreia. “O primeiro será inaugurado na semana que vem, em Santos”, disse o fundador e presidente Juliano Antunes. Criada em 2012, a empresa administra cinco edifícios no Brasil, com 1,5 mil leitos no total, e tem como sócia a própria VBI.

O empreendimento no litoral paulista terá 218 suítes individuais, combinadas a áreas comuns – cozinha, coworking, lavanderia e sala de jogos. Segundo Antunes, não será necessária a apresentação de fiador. “E os valores dos serviços essenciais, como energia elétrica e água – além de internet – já estarão inclusos no aluguel”, (em Santos, a partir de R$ 1,2 mil por mês). Inicialmente, o foco será nos estudantes de medicina e de outras áreas da saúde da Universidade São Judas. “Em breve, esperamos estender a oferta para universitários de todos os cursos”, afirmou Bueno. A Ânima terá prioridade no encaminhamento de seus matriculados aos imóveis, que poderão acomodar alunos de instituições que não fazem parte da rede.

O desembolso de R$ 800 milhões para a realização da primeira fase do projeto será realizado pela VBI. Além do residencial no litoral paulista, já estão previstas construções nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Palhoça (SC) e São Paulo – as demais localidades ainda serão divulgadas. Existe a perspectiva de uma segunda etapa com outros 15 empreendimentos. Segundo o CEO da Ânima, está sendo oferecida aos alunos a oportunidade de uma experiência universitária completa. “Estamos de olho no jovem do interior que acabou o ensino médio e vai se mudar para uma cidade maior, e que agora poderá morar dentro ou próximo do centro universitário.”

O executivo Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da companhia, acredita que a parceria amplia a experiência universitária com ambiente de convivência que vai além do dormitório. “Essa aliança rompe as paredes entre a universidade e a casa do estudante, trazendo a universidade para perto de uma forma cada vez mais simbiótica”, afirmou o executivo.

EM ALTA A previsão de retomada do ensino presencial é um atrativo diante do crescimento já apresentado pela Ânima Educação nos resultados entre janeiro e junho deste ano. A receita líquida foi de R$ 1 bilhão (44,2% maior do que o registrado em igual período do ano passado) e o lucro líquido foi de R$ 75,1 milhões (alta de 31,7%). O resultado operacional alcançou R$ 428,8 milhões, contra R$ 275,2 milhões do primeiro semestre do ano anterior.

A base de alunos também apresentou alta nos primeiros seis meses do ano, com total de 320 mil estudantes, puxada principalmente por aquisições recentes, como a do Grupo Laureate (com 11 instituições). O volume é 178,5% maior do que o do mesmo período de 2020. Um indicativo de que a proposta de moradias estudantis pode vir a calhar com o novo momento do setor e com o propósito da Ânima de transformar o País pela educação.

INTERNET E MEDICINA FAZEM YDUQS CRESCER NA PANDEMIA

O BOM FILHO Chaim Zaher retoma o posto de maior acionista individual da empresa mas promete não entrar na briga pelo controle societário. (Crédito:Gabriel Reis )

Na a Yduqs (ex-Estácio), o ensino digital e o curso de medicina foram os motores do crescimento do primeiro semestre, respondendo por 47% da receita – cerca de R$ 950 milhões – e pelo aumento de 9,5% da base de alunos nesse período. A empresa fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 116,5 milhões e enxugou 7,6% as despesas gerais e administrativas, dando sinais positivos de recuperação após a crise. Para consolidar a retomada, a empresa quer consolidar sua expansão através do ensino a distância no segundo semestre. Essa fórmula, inclusive, garantiu que, entre abril e junho, a alta de 33,1% no número de alunos virtuais amortessessem a queda de 15,3% na quantidade de matrículas presenciais.

Na primeira metade do ano, o grupo investiu R$ 77 milhões ( ou 45% do total no período) em projetos de ensino e digitalização da experiência com suas marcas. O foco é atrair a nova geração de potenciais estudantes e expandir a sua base, hoje de 824,1 mil alunos no total. Segundo a companhia, 90% do corpo estudantil acessa a plataforma mobile. No universo da gradução física, o curso de medicina tem sido o destaque, com alta 26,9% no segundo trimestre, na comparação anual (chegando a 6,8 mil aspirantes a médicos) e sustentando o segmento premium da companhia.

Par completar o bom momento, em agosto, Chaim Zaher, dono do grupo SEB, voltou ao quadro de investidores após quatro anos. Com fatia de 7,51%, Chaim volta ao posto de maior acionista individual, mas, segundo ele, com outro propósito. “Estritamente investimento, não objetivando qualquer alteração de controle societário.”