O segundo trimestre de 2022 já está em curso e o prazo para os líderes mundiais cumprirem a Agenda 2030 da Organizações das Nações Unidas fica cada vez mais apertado. Cravar se o mundo será capaz de cumprir as 169 metas estabelecidas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — ou ao menos parte deles — é exercício para futurologistas, mas o que muitos especialistas no mercado estão afirmando é que será improvável. Entre os céticos está Fabio Alperowitch, sócio-fundador da Fama investimentos que, em entrevista para à DINHEIRO, afirmou que “o cumprimento das metas já era um desafio no pré-guerra quando os sinais mostravam que seria difícil limitar o aquecimento global a 1,5 °C”. Passados mais de dois meses do início do conflito entre Rússia e Ucrânia, obedecer o prazo fica ainda mais complexo.

No início desta semana, porém, uma movimentação da Rede Brasil do Pacto Global trouxe um sopro de esperança aos mais otimistas. Em cerimônia com a presença de 250 CEOs de empresas de diversos segmentos na segunda-feira (25), a entidade lançou o movimento Ambição 2030. Trata-se de um chamado para que a iniciativa privada se engaje definitivamente no compromisso de avançar na agenda com ações em sete grandes frentes: Mente em Foco, Elas Lideram 2030, +Água, Salário Digno, Raça é Prioridade, Ambição Net Zero e Transparência 100%.

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A proposta é uma revisitação dos ODS, mas dá um sentido maior de urgência ao funcionar como uma repactuação dos presidentes com o prazo estabelecido. Do total de presentes no evento, 150 empresas já haviam assinado compromissos públicos com as iniciativas do Pacto Global.

Carlo Pereira, diretor-executivo do Pacto Global, foi taxativo: “A mudança das estratégias empresariais é crucial e nós, como líderes empresariais, somos parte do problema, mas, juntos, somos também a solução”, afirmou.

É preciso reconhecer que diversas companhias globais e nacionais estão de fato comprometidas com o ESG. No meio do trigo, porém, há o joio. O greenwashing continua muito presente na ação e comunicação de empresas que usam a pauta socioambiental mais como ferramenta de marketing do que de transformação da sociedade.

O grande problema nestes casos é que a punição pela prática virá para o planeta que corre o eminente risco de um superaquecimento, e para todas as populações que sofrerão os efeitos colaterais que o fenômeno causará.

É para ajudar as empresas nessa desafiadora jornada que a Agenda 2030 e a Ambição 2030 servem, mas cada um precisa assumir sua responsabilidade e fazer o que lhe cabe neste latifúndio que é o planeta Terra.