Uma campanha em defesa dos presos políticos em Cuba, que será lançada pelos Estados Unidos nesta terça-feira, (16) na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), irritou o governo cubano, que a considera “insultante” e exige o seu cancelamento.

A campanha, intitulada “Presos por quê?”, assegura que existem atualmente em Cuba cerca de 130 presos políticos, “um sinal explícito da natureza repressiva do regime” cubano, segundo um comunicado do Departamento de Estado americano, que organiza o evento.

“Responsabilizar o regime cubano por suas violações dos direitos humanos e apoiar as aspirações do povo cubano de viver em liberdade são componentes fundamentais” da política externa do presidente Donald Trump, acrescentou o governo dos Estados Unidos.

A missão cubana na ONU declarou estar indignada com o evento, a ser lançado na sede das Nações Unidas em Nova York, e exigiu sua anulação em uma carta enviada ao secretário-geral da organização, António Guterres.

Trata-se de “uma farsa política do pior gosto, construída com base em argumentos falsos e com atores, alguns de origem cubana”, com o objetivo de justificar o bloqueio contra a ilha, denunciou a missão cubana em um comunicado.

“Os Estados Unidos não têm moral para dar lições, e muito menos nesta questão”, disse a missão cubana, que denunciou “o uso da tortura” pelos Estados Unidos ou o “assassinato de afro-americanos pela polícia”.

Um porta-voz da missão americana na ONU afirmou à AFP que, apesar dos protestos de Cuba, o evento será realizado como planejado, com a participação de Kelley Currie, representante americana no Conselho Econômico e Social da ONU, do chefe da OEA, Luis Almagro, e do ex-prisioneiro político cubano Alejando González Raga.

A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), uma organização dissidente que é tolerada em Cuba, divulgou em junho uma lista de 120 prisioneiros “por razões políticas” na ilha.

O governo cubano nega categoricamente a existência de presos políticos na ilha e aponta que as pessoas na prisão foram condenadas por crimes comuns.

Após uma aproximação bilateral histórica durante o governo do presidente Barack Obama, após a chegada de Trump na Casa Branca em 2016 e os relatos de “ataques acústicos” contra uma dúzia de diplomatas americanos e suas famílias em Havana as relações entre os dois países ficaram tensas.

Cuba também denunciou no domingo uma escalada hostil dos Estados Unidos antes da votação da resolução anual condenando o embargo que Washington aplica à ilha socialista desde 1962, prevista para 31 de outubro na Assembleia Geral da ONU e que é historicamente aprovada por uma grande maioria.