Manifestações contra o aumento da passagem do metrô em Santiago resultaram em violência na sexta-feira (18), desencadeando vários protestos contra o custo de vida e a desigualdade social, e o envio de milhares de soldados e agentes policiais. Até o momento, 11 mortes foram registradas.

Segue abaixo um resumo dos distúrbios mais graves no Chile em décadas:

– Queima de estações de metrô –

Em 18 de outubro, protestos contra o aumento do preço da passagem de metrô nos horários de pico levaram a confrontos entre manifestantes e policiais em Santiago.

A violência aumentou durante a noite, e várias estações de metrô foram atacadas com coquetéis molotov.

As 136 estações que compõem a rede de metrô sofreram ataques, muitas com danos consideráveis, e algumas, completamente queimadas. O serviço ferroviário foi temporariamente suspenso.

Pelo menos 16 ônibus foram queimados nas ruas. Grupos de manifestantes também incendiaram o prédio da companhia de eletricidade ENEL e uma filial do Banco do Chile.

Depois da meia-noite, o presidente Sebastián Piñera declarou estado de emergência e ordenou o envio de militares às ruas de Santiago.

– Incêndios deliberados –

Em 19 de outubro, centenas de soldados patrulhavam a capital do Chile pela primeira vez desde o retorno à democracia em 1990.

Milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar. Também foram registradas mobilizações contra o governo em outras cidades, como Viña del Mar e Valparaíso.

Manifestantes encapuzados enfrentaram policiais e soldados em diferentes partes de Santiago, mesmo nos arredores do Palácio de La Moneda, sede do governo.

Mais locais foram incendiados, incluindo outra estação de metrô, supermercados e lojas.

Em Valparaíso, o prédio do jornal mais antigo do Chile, “El Mercurio”, foi incendiado.

As autoridades informam que mais de 300 prisões foram efetuadas. O número oficial de feridos é de 156 policiais e 11 civis.

Piñera desistiu do aumento do preço do metrô e pediu diálogo. Um toque de recolher noturno foi imposto em Santiago.

– Primeiras mortes –

Em 20 de outubro, os tumultos continuaram. Duas mulheres morreram queimadas na madrugada durante um incêndio em uma loja da rede Walmart em Santiago.

A polícia e os militares passaram a usar jatos d’água e gás lacrimogêneo para reprimir os manifestantes em Santiago, para onde 10 mil homens foram enviados, incluindo policiais e militares.

Manifestantes atearam fogo a uma fábrica de roupas no subúrbio de Renca. O incêndio causou a morte de cinco pessoas.

O transporte público foi quase completamente paralisado em Santiago. As lojas permaneceram fechadas, e os voos de e para o aeroporto da capital foram cancelados.

Os números oficiais falam de 103 incidentes graves em todo país, com 1.462 detidos: 614 em Santiago, e 848, em outras regiões.

“Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável”, disse Piñera a repórteres após uma reunião de emergência.

O toque de recolher em Santiago foi imposto pela segunda noite consecutiva, e o estado de emergência declarado em outras nove regiões do país.

O número de mortos sobe para 11.