Outrora um gigante das finanças mundiais, o banco de investimentos Lehman Brothers abriu falência há 10 anos, desencadeando a pior crise das finanças globais desde a Grande Depressão.

Segue abaixo uma retrospectiva dos 20 meses que levaram à dramática declaração de falência do Lehman, em 15 de setembro de 2008.

– Início de 2007 –

Em fevereiro, vários bancos norte-americanos especializados em fazer hipotecas através de subprimes – um crédito de risco, embora classificado como investimento seguro pelas agências de classificação de crédito – vão à falência.

Com taxas de juro variáveis e concedidos às famílias com finanças frágeis e sem garantia alguma de quitação da dívida, esses empréstimos acabam implodindo por conta de uma queda nos preços da habitação.

Milhões de pessoas ficam sem condições de cumprir seus pagamentos mensais, fazendo os credores afundarem com a inadimplência.

Alguns analistas falam sobre o “risco” para os mercados financeiros, mas a maioria está otimista, julgando que o setor terá um impacto mínimo na economia dos Estados Unidos.

– Junho de 2007 –

Em junho, o banco de investimentos Bear Stearns anuncia que seus fundos de cobertura (hedge funds) envolvidos em empréstimos subprime estão com problemas. É o primeiro grande banco a sofrer danos com a crise.

A turbulência se intensifica em julho e em agosto, e os mercados mundiais são abalados quando bancos como o BNP Paribas, na França, revelam seus próprios investimentos em empréstimos de alto risco.

O mercado bancário interno é atingido – os bancos hesitam em fazer empréstimos mútuos entre si – enquanto vários bancos centrais intervêm, injetando bilhões de liquidez.

– Final de 2007 –

Enquanto os principais bancos do mundo (UBS, Citigroup) atravessam a crise, o Lehman Brothers publica em dezembro de 2007 resultados anuais recordes com um lucro líquido de US$ 4,2 bilhões.

O banco de investimentos de Nova York não faz menção a uma nova desvalorização nem a qualquer provisão para sanar as consequências da crise dos subprime. Em vez disso, gaba-se de sua capacidade de operar acima dos ciclos do mercado, graças a sua diversificação.

Entre agosto de 2007 e janeiro de 2008, porém, o Lehman’s elimina 3.000 postos de trabalho relacionados ao setor de hipotecas.

– Início de 2008 –

Em 22 de janeiro de 2008, diante da queda dos mercados mundiais, o Federal Reserve dos Estados Unidos reduz as taxas de juros em 3,5%, uma medida excepcional, seguida de um novo corte de meio ponto percentual, uma semana depois.

No mês seguinte, no Reino Unido, o governo intervém para nacionalizar o Northern Rock, o quinto maior banco do país, então em crise.

Em março, o JP Morgan Chase compra o Bear Stearns por quase nada e 15 vezes menos do que sua capitalização de mercado, em uma tentativa de evitar o colapso crescente.

O mercado prevê que o Lehman Brothers, que elimina outros 1.400 empregos no início do mês, pode ser o próximo banco a cair.

– Junho de 2008 –

Em 2 de junho, a agência de classificação de risco Standard and Poor’s reduz sua classificação para o Lehman de “A+” para “A”.

Uma semana depois, o Lehman Brothers anuncia um prejuízo trimestral previsto de US$ 2,8 bilhões, o primeiro desde que o banco apareceu no mercado de ações em 1994.

A instituição procura alguma maneira de aumentar sua liquidez, principalmente na busca de parceiros em potencial. O Banco de Desenvolvimento da Coreia dá esperanças, mas, em 10 de setembro, os banqueiros sul-coreanos anunciam o fim das negociações.

No mesmo dia, o Lehman publica resultados catastróficos.

Apesar de uma tentativa do Tesouro dos Estados Unidos de iniciar um processo de recuperação, o Lehman Brothers declara falência em 15 de setembro.