Os croatas votam neste domingo (22) em eleições presidenciais que podem enfraquecer os conservadores no poder, alguns dias antes de assumir o comando rotativo da União Europeia.

A batalha promete ser acirrada e este primeiro turno deverá ser seguido por um segundo, em 5 de janeiro.

A atual presidente conservadora Kolinda Grabar-Kitarovic é ameaçada à esquerda por um ex-primeiro-ministro social-democrata e à direita por um cantor populista que divide seu campo.

Os eleitores enfrentavam a chuva para votar até às 18h00 GMT (15h00 de Brasília), com os primeiros resultados esperados a partir das 19h00 GMT (16h00 de Brasília).

A primeira chefe do Estado croata, de 51 anos, assumiu o cargo em 2015. Ela é apoiada pelo HDZ (centro-direita), que domina a vida política desde a independência em 1991.

Durante a campanha, passou seu tempo tecendo entre os moderados do HDZ e a ala nacionalista de seu partido, tentada a votar no cantor folk Miroslav Skoro.

Grabar-Kitarovic escolheu realizar seu último comício público em Vukovar, uma cidade fronteiriça com a Sérvia, palco de um cerco mortal pelas forças sérvias no início da guerra de 1991-1995, que se tornou o símbolo do sofrimento dos croatas durante o conflito.

Aqueles que morreram na guerra, “não se arrependem porque a Croácia está aqui”. Comentários percebidos por muitos como uma tentativa de atrair os nacionalistas.

– “País normal”-

Miroslav Skoro, de 57 anos, se apresenta de forma independente e prometeu enviar o exército à fronteira para impedir a passagem de migrantes. Ao votar, pediu aos eleitores “que devolvam a Croácia ao povo”.

Uma última pesquisa a coloca na terceira posição, com 18% das intenções de voto.

Com 24% das intenções de voto, Grabar-Kitarovic está praticamente empatada com o ex-primeiro-ministro social-democrata Zoran Milanovic.

Ele conta com a divisão do campo conservador para aumentar sua vantagem e promete fazer da Croácia um “país normal” com uma justiça independente, que respeite as minorias.

Se seus apoiadores saúdam sua determinação, seus críticos denunciam sua arrogância. Zoran Milanovic, de 53 anos, foi entre 2011 e 2016 chefe de um governo que decepcionou por não ter conseguido acabar com a corrupção ou recuperar a economia.

No final da manhã, a participação eleitoral era de 15,75%, segundo a Comissão Eleitoral.

Depois de votar no Zabreb, Grabar-Kitarovic pediu às pessoas que se manifestem a favor de “uma Croácia melhor, uma Croácia voltada para o futuro”.

Segundo analistas, uma derrota tornaria mais difícil para o HDZ e o primeiro-ministro Andrej Plenkovic uma vitória nas eleições legislativas de 2020.

A partir de 1º de janeiro, seu governo assume a presidência rotativa da UE por um mandato de seis meses, que sem dúvida verá o Reino Unido deixando suas fileiras e os países dos Balcãs ocidentais batendo à sua porta.

Dos 3,8 milhões de eleitores, cerca de 170.000 vivem no exterior, principalmente na Bósnia.

A Croácia, como seus vizinhos dos Bálcãs, enfrenta o êxodo de seus habitantes, um fenômeno que se acelerou após sua adesão à UE em 2013.

Os emigrantes partem em busca de uma vida melhor em outros lugares da Europa, mas também citam a corrupção e o clientelismo, ou a baixa qualidade dos serviços públicos.