O cardeal Dom Claudio Hummes, escolhido pelo papa Francisco como relator do Sínodo da Amazônia, afirmou nesta quarta-feira, 28, que os críticos do encontro de bispos católicos no Vaticano têm “interesses ameaçados”.

O cardeal rebateu insatisfações do governo brasileiro e de setores da ala conservadora da Igreja Católica com os rumos do encontro de bispos, programado para outubro, no Vaticano. Ele citou reportagens do jornal O Estado de S. Paulo que mostraram as preocupações e a desconfiança do Palácio do Planalto e a campanha aberta contra o Sínodo feita por grupos conservadores católicos.

“Ouvimos vozes contrárias, vozes que resistem, vozes que têm medo e vozes que têm interesses muito fortes que se sentem um tanto ameaçados. Tudo isso que ouvimos por todos esses dias, ainda ontem (terça-feira, 27) a imprensa estava cheia desses assuntos, sobretudo, os jornais de São Paulo, o Estado de S. Paulo”, disse o cardeal ao abrir uma reunião de bispos da Amazônia brasileira no Pará.

Dom Cláudio Hummes é o principal nome à frente do Sínodo. Ele preside a Rede Eclesial Pan-Amazônica e a Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Ele preparou um documento sobre problemas socioambientais da Amazônia e o papel evangelizador da Igreja na região, com consultas a populações originárias, a pedido do papa.

Dom Cláudio Hummes avaliou que a onda de incêndios florestais em países amazônicos, sobretudo no Brasil, despertou o interesse pelo sínodo no mundo ocidental e provocou um debate internacional que “projetou” a importância da assembleia religiosa. O Estado também havia antecipado que os bispos pretendiam discutir as queimadas no encontro do Pará para levar o tema a Roma.

“Cada vez mais sentimos importância do processo sinodal, como de fato é fundamental esse sínodo para o nosso tempo. Cada vez mais o mundo inteiro vai se envolvendo nessa problemática. Algumas coisas proporcionaram isso mais fortemente, como foram os incêndios aqui em toda essa região e que despertou de forma muito forte até mesmo polêmicas, muitos ruídos a respeito da Amazônia, de seu significado, de sua importância, de sua pertença e assim por diante”, disse aos religiosos no Pará. “Está se tornando algo que está sendo seguido por todo mundo, pelo menos o mundo ocidental, talvez, a Europa e nós aqui.”