A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), que pode se tornar ministra do Trabalho nesta terça-feira 9, negou-se a apresentar as provas que indicariam que ela está pagando pelos acordos trabalhistas fechados com ex-funcionários.

Cristiane Brasil, em maio de 2017, fechou um um acordo trabalhista de R$ 14 mil, que está sendo quitado em 10 prestações pela chefe de gabinete de seu escritório político, Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo. A deputada, então, deveria reembolsar Vera Lúcia. No entanto, os recibos foram negados pela equipe da parlamentar.

Segundo o jornal O Globo, a assessoria alegou que “as movimentações bancárias da ministra Cristiane Brasil são de cunho privado”. ISTOÉ DINHEIRO tentou entrar em contato com a assessoria da deputada, porém, os telefones não são atendidos. A redação também tentou contato direto com Cristiane por meio de seu telefone celular. A ligação também foi ignorada.

A deputada é alvo de uma ação popular, para impedir sua posse como ministra. Advogados do Rio de Janeiro, autores da ação, alegam que a parlamentar foi condenada pela Justiça do Trabalho e que isso seria um impeditivo. As alegações dos advogados estão baseadas em duas ações trabalhistas movidas por antigos motoristas da deputada, que é filha de Roberto Jefferson, pivô do escândalo do Mensalão.

Em uma das ações, Cristiane fechou o acordo de R$ 14 mil. Na outra, foi obrigada a pagar R$ 60 mil. O caso foi revelado pela TV Globo.

O novo imbróglio, no entanto, envolve uma terceira funcionária, que pode estar pagando a conta no lugar de Cristiane. Os pagamentos do acordo saem da conta de Vera Lúcia. Cristiane, segundo O Globo, afirma que Vera Lúcia chefia o escritório político baseado no Rio de Janeiro e que ela a representou nas audiências do processo. Por esse motivo, diz sua equipe, “[Vera Lúcia] entendeu que o dever de garantir o cumprimento do acordado em termos de pontualidade nos pagamentos cabia a ela”.

“Assim, por estar representando a deputada e por mera questão de praticidade, cadastrou a despesa na sua conta pessoal para transferência automática a fim de evitar quaisquer atrasos. Importante ressaltar que os valores pagos são reembolsados pela deputada, restando quitadas ambas as despesas judiciais e pessoais”, diz a nota enviada pela assessoria da parlamentar ao jornal.

Apesar do posicionamento, a equipe da deputada não enviou os comprovantes dos reembolsos pagos a Vera Lúcia.

“As movimentações bancárias da ministra Cristiane Brasil são de cunho privado. No referido caso, trata-se claramente de uma relação entre duas pessoas físicas, protegida por sigilo na forma da lei e em nada tendo relação com quaisquer das atividades exercidas por ela na esfera pública”, diz nova nota enviada ao jornal.