Qual a estratégia do seu fundo?
Nós nos dedicamos a comprar créditos problemáticos no que chamamos de situações especiais. É algo diferente dos investidores que compram créditos vencidos.

Como explica essa diferença?
Vou dar um exemplo. Suponha que um banco emprestou dinheiro para uma empresa e ela não pagou. Normalmente, o banco provisiona o crédito e inicia um processo judicial. O mais comum é executar a empresa para tentar atingir os ativos da companhia e dos avalistas. Nós falamos com os bancos e compramos essas operações que deram errado. Para o banco é bom. Ele limpa o balanço, encerra o contato com um cliente indesejado e o departamento jurídico da instituição financeira tem um processo a menos para se preocupar.

Isso quer dizer que os bancos não sabem cobrar?
Não. Os bancos cobram muito bem, mas cobranças têm custo. Os bancos também têm milhares de processos de cobrança e, algumas vezes, algum crédito específico se perde nessa massa. Nosso diferencial é saber analisar bem as oportunidades. Nós analisamos, desenvolvemos uma tese de recuperação e a aplicamos.

Por exemplo?
Quando um investidor compra, por exemplo, uma carteira de empréstimos em atraso de milhares de cartão de crédito de pessoas físicas, a avaliação é totalmente baseada em estatísticas e probabilidades. No nosso caso, olhamos empréstimos para uma única empresa. É frequente que, nesses casos, haja uma assimetria de informações. Algumas operações podem ter características específicas que tornam a cobrança mais fácil.

Como é feita a avaliação?
Olhamos tudo. O que ocorreu durante o processo de concessão de crédito e o que levou a empresa à inadimplência. Analisamos também qual o patrimônio da empresa, dos sócios e dos avalistas, o que é possível recuperar. Se a empresa é do setor industrial, os imóveis podem ser úteis na recuperação. No caso de empresas de serviços isso é menos importante.

Como está a aceitação?
Muito boa. Nosso fundo já captou R$ 75 milhões, e temos um período de dois anos para investir esse dinheiro. Cerca de 25% dos recursos já foram investidos. Nosso ideal é investir R$ 1 milhão em cada ativo. Assim, ao final do período de investimentos, teríamos 75 casos. Em média, o tempo de recuperação é de seis anos.

GESTORAS JIVE E MAUÁ FUNDEM ATIVIDADES

Leandro Martins

As gestoras de recursos Jive Investments e Mauá Capital anunciaram a fusão de suas atividades. As duas empresas têm trajetórias consolidadas no mercado. A Jive, que foi fundada por profissionais egressos da filial brasileira do banco Lehman Brothers, se especializou na gestão de créditos com problemas. A Mauá concentrou suas atividades na gestão de ativos ilíquidos. A combinação das duas casas vai gerar uma empresa com R$ 13 bilhões sob gestão e 350 profissionais. Segundo o sócio fundador da Jive, Guilherme Ferreira, as conversas duraram cerca de dois meses e evoluíram rapidamente. “As duas casas têm uma convergência muito grande na cultura e na maneira de fazer negócios”, disse ele. Com a fusão, além de manter as estratégias atuais, a nova empresa vai focar nos investimentos em infraestrutura.

EM ALTA
6,38% 

Foi a alta no valor da cesta básica do paulistano. O preço médio, que era de R$ 1.137,20 em 31 de março, passou para R$ 1.209,71 em 29 de abril, conforme levantamento mensal feito pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O grupo limpeza apresentou a maior alta (7,65%), seguido por higiene pessoal (7,17%) e alimentação (6,23%). A variação acumulada no ano chega até 11,19%.

EM BAIXA
4,3% 

foi o recuo da demanda por crédito no Brasil no mês de abril na comparação com março. Na comparação com abril de 2021, porém, houve aumento de 6,5%. Os dados, com ajuste sazonal, são do indicador de Demanda por Crédito do Consumidor da Boa Vista. A demanda por crédito caiu 1,7% no trimestre móvel encerrado em abril ante a média móvel imediatamente anterior. A desaceleração no acumulado em 12 meses passou de 13,6% para 12,4% agora.