Enquanto muitas empresas sofreram com a crise e tiveram de reduzir de tamanho, deixando escritórios grandiosos para espaços mais reduzidos, uma multinacional inglesa viu aí uma grande oportunidade de crescimento. E basta ver os números da Regus e da Spaces no Brasil, marcas do britânico International Workplace Group (IWG) para compartilhamento de escritórios, para compreender como a crise acabou turbinando seus negócios. “De 2016 a 2017, crescemos 25% em número de clientes, chegando a 22 mil no Brasil. E em portfólio crescemos 40%. Tínhamos 65 mil metros quadrados divididos em 45 centros e fechamos o ano com 108 mil metros quadrados divididos em 63 centros”, diz Tiago Alves, CEO da Regus no Brasil. Ele falou com a coluna sobre a empresa, hoje espalhada em 11 estados no País. Acompanhe:

Como a empresa pode ser definida?

Posicionamo-nos como âncora em um prédio de escritórios. Assim como têm ancoras em um shopping, como C&A e Renner, somos âncora em prédios corporativos. Oferecemos toda a infraestrutura para uma empresa sem que ela necessite desmobilizar capital, ou pagar IPTU e condomínio para ter um escritório.

Mas isso está embutido na mensalidade que vocês cobram…

Sim, mas, se a empresa tem até 50 funcionários, o modelo é 30% mais barato do que o convencional. Se a empresa tem até 10 funcionários, o modelo é 50% mais barato.

A crise abalou o mercado de lajes corporativas. De que forma impactou as operações do grupo?

A crise nos ajudou a ter oportunidades para crescer. Somos um forte combatente à vacância. Conseguimos preços 30% mais baratos do que pagaríamos. Como o mercado imobiliário teve uma queda muito grande e muito rápida, teve muito dono de imóvel que ficou desesperado para se livrar dos custos de condomínio e IPTU. Começaram a ofertar empreendimentos que nunca haviam ofertado.

Como o quê?

Teve um proprietário que locou 12 pontos diferentes. Ou seja, com um único proprietário, eu adicionei 25 mil metros quadrados. E a um preço bem melhor do que o praticado no mercado.

E tem cliente nesse ambiente de dificuldade econômica?

A crise também me ajudou a captar clientes que precisavam reduzir custo. De 2016 a 2017, crescemos 25% em número de clientes, chegando a 22 mil no Brasil. E em portfólio crescemos 40%. Tínhamos 65 mil metros quadrados divididos em 45 centros e fechamos o ano com 108 mil metros quadrados divididos em 63 centros.

Então a empresa não sentiu os efeitos negativos da crise?

Sentimos uma queda nas contas de empresas internacionais. A Regus e o Spaces sempre foram a porta de entrada do Brasil para companhias estrangeiras. Facebook, Linkedin, Uber e todas essas empresas de tecnologia vieram através da Regus. Essas empresas assinavam o contrato em Sacramento, no Vale do Silício, e vinham trabalhar aqui no outro dia. Mas essa demanda sumiu nos últimos dois anos. No passado, isso representava 25% do nosso negócio. Hoje, não representa nem 10%. Estamos apostando na recuperação da economia para que esses investidores e empresas internacionais voltem. Em compensação, ganhamos ocupação entre grandes e médias empresas nacionais que precisaram reduzir custos da noite para o dia.

A empresa operava no Brasil por meio da marca Regus e, neste ano, trouxe a marca Spaces para cá. Vai trazer novas marcas?

Temos seis marcas no mundo, cada uma com um perfil diferente. A Regus é a marca mais elástica, desde um triple A até um prédio B. A Spaces é voltada para a economia criativa, com um perfil mais colaborativo. Em 2018, quero trazer para o Brasil a marca Signature, que é o que há de mais moderno, escritórios top de linha; e também pretendo trazer a marca Open Office, que conta com prédios mais baratos, com produtos mais simples, mas que atenda o que o cliente quer.

Nota publicada na Edição 1050 da Revista Dinheiro com colaboração de:  Márcio Kroehn