O mercado de criptoativos está radiante. Depois de algumas iniciativas de empresas menos tradicionais, a S&P Dow Jones Indices, dos Estados Unidos, anunciou o lançamento de um índice de criptomoedas previsto para 2021. A iniciativa decorre da evolução do segmento que necessita de dados confiáveis de preços, e o índice servirá como referência para os investidores. Hoje, existe a necessidade de se fazer uma ampla pesquisa, pois os valores dessas moedas virtuais mudam de uma corretora para a outra. “Os preços variam de 1% a 1,5% entre as dez principais corretoras”, afirmou o CEO da FastBlock, empresa especializada em consultoria no ramo de blockchain, Bernardo Schucman. Por essa razão, ele diz acreditar que a novidade mudará totalmente o comportamento atual do mercado. O CEO da corretora Foxbit, João Canhada, tem uma avaliação semelhante e diz acreditar que o lançamento aumentará a liquidez e reduzirá a volatilidade do mercado. “Com certeza haverá mais investidores negociando, o que contribuirá para reduzir a volatilidade no longo prazo”, disse.

O índice a ser criado pela S&P Dow Jones tornará mais seguro o investimento em bitcoin (BTC) ou em outras moedas digitais? Difícil dizer. Em primeiro lugar, ainda não se sabe os detalhes de como esse índice será montado. Do ponto de vista da precificação, ficará mais fácil tomar decisões porque haverá a referência de uma instituição confiável. No entanto, mesmo com o mercado tradicional abraçando os criptoativos e colocando-os cada vez mais como opção de investimento, é preciso ter cautela. Canhada, que é especialista no setor, sugere o conservadorismo. “Eu recomendo de 1% a 3% de exposição ao bitcoin”, afirmou. Já Schucman é mais agressivo. “De 5% a 10% no bitcoin o investidor não vai errar”, disse.

MENOS DISPERSÃO Para Bernardo Schucman, da FastBlock, o índice de criptomoedas vai facilitar a convergência dos preços. (Crédito:Divulgação)

A redução da volatilidade a que Canhada se referiu deverá ocorrer com o tempo. Apesar de estar em expansão, o mercado de criptomoedas ainda é pequeno se comparado com o volume financeiro das bolsas de valores. No mundo todo, as criptomoedas movimentam cerca de US$ 557,9 bilhões, segundo dados do site especializado CoinMarketCap. Algumas das maiores companhias do mundo, sozinhas, tem valor de mercado muito maior. Desse total, o bitcoin, primeiro e mais importante criptoativo, representa cerca de US$ 354 bilhões, em torno de 63%. Seu concorrente mais próximo o ethereum, US$ 67 bilhões.

Como o volume financeiro movimentado ainda é pequeno, qualquer grande operação pode influenciar nos preços dos criptoativos. Em uma bolsa como a de Nova York, onde trilhões de dólares são negociados diariamente, a retirada de US$ 10 milhões ou de US$ 20 milhões nem é percebida. Mas em um mercado como o das criptomoedas, valores semelhantes podem influenciar bastante os preços. No mundo dos ativos digitais, investidores com cacife podem interferir na cotação comprando ou vendendo grandes quantidades de criptomoedas.

MERCADO EM ALTA O mercado tem estado em alta. Em dezembro de 2017 o bitcoin chegou a valer US$ 19,6 mil. Em 2020, no início da pandemia, as cotações haviam recuado para menos de US$ 10 mil. Até que começou a subir e no dia 30 de novembro chegou a US$ 19,8 mil. Na última terça-feira (8), porém, já havia caído para cerca de US$ 18,5 mil. Apesar dos preços elevados, o investidor não precisa dispor de tantos dólares para investir. Com R$ 20, por meio de corretoras que operam no Brasil, é possível comprar frações do ativo. Uma forma de obter experiência sem correr o risco de perder quantias significativas. E apesar da desconfiança que paira sobre os criptoativos, a ação da S&P Dow Jones somada a de outras instituições é um sinal de que não se pode ignorar esse novo e crescente setor. “O mercado financeiro entendeu que temos uma ferramenta pronta. A agora a gente vê figuras tradicionais fazendo reservas de bitcoin porque entenderam o processo”, disse Schucman, da FastBlock. Canhada, da Foxbit, comentou que um relatório do Citibank avalia que o bitcoin pode atingir US$ 318 mil até o final de 2021. “Além disso, tem empresas milionárias mudando para bitcoin”, afirmou.