A onda das moedas digitais que se espalhou por todo o mundo financeiro, despertando a cobiça entre os investidores, agora avança também pela praia dos bancos centrais. Quem lançou a ideia foi o banco central chinês, que já iniciou testes com a moeda virtual e-yuan. A moda pegou. Segundo o Bank for International Settlements (BIS), o banco central dos bancos centrais, 86% dos seus 55 membros trabalham nisso. E o BC brasileiro não ficou de fora. Em abril, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, anunciou que o assunto já está sendo estudado e que o País poderá ter sua moeda digital emitida pelo BC até 2022.

A notícia animou especialistas, que vêem na entrada do BC um reforço adicional na credibilidade dos ativos digitais. Na opinião do advogado Fernando Barrueco, legal advisor da Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo (Bomesp), muitos dos pioneiros das criptomoedas são contrários às regras e preferem uma atuação sem autoridades nem normas. “Mas a regulamentação dará mais garantia”, disse Barrueco.

As regras vão valer só para as criptomoedas soberanas, não servindo para as que estão em circulação. Isso porque elas são ativos financeiros. A credibilidade aumenta porque será possível ter uma carteira com “reais digitais”, regulamentados pelo BC, e que vão “conversar” com as demais criptomoedas. A ideia é facilitar a movimentação de dinheiro entre países. “Imagine como mandar reais do Brasil para uma pessoa que está no Japão sem empecilhos e sem perder a garantia da rastreabilidade do dinheiro. Isso confere maior controle sobre o dinheiro, evitando crimes”, diz o advogado.

Para Eduardo Carvalho, CEO da plataforma de investimento em tokens suíça Dynasty Global Investments AG, toda iniciativa para digitalização é bem-vinda. Ele cita o PIX que permitiu transações em tempo real. “A questão é quanto a nova moeda do BC será moderna ou não. Se tem roupagem de cripto, mas na verdade é uma moeda fiduciária”.