Um dos problemas sociais epidêmicos que acompanham a sociedade através do tempo é o trabalho infantil. Mesmo com toda a evolução do discurso ESG (que prevê boas práticas ambientais, sociais e de governança) há no mundo 63 milhões de meninas e 97 milhões de meninos de 5 a 17 anos submetidos ao trabalho infantil desde 2020 – 8,4 milhões a mais do que em 2016.

Do total, 79 milhões são vítimas de trabalhos perigosos, aqueles que podem prejudicar a saúde, a segurança ou a moral, e 10 milhões estão sujeitos a condições escravas. Os dados são do Projeto Criança Livre do Trabalho que aponta que a pandemia provocou um cenário nefasto: “Pela primeira vez em 20 anos, o progresso para acabar com o trabalho infantil estagnou”, registra o estudo.

Entre 2000 e 2016, o número de crianças trabalhando havia diminuído 94 milhões. Para 2022, a previsão é que mais 8,9 milhões de menores engrossem essa estatística.

A reversão foi explicada pelo fechamento de escolas e pelo aumento da pobreza durante a pandemia da Covid-19. No cenário global, 70% do trabalho infantil se concentra na agricultura, 19,7% em serviços e 10,3% na indústria. A África é o local com mais ocorrência, seguida pelo continente asiático e pelo grupo formado por América Latina e Caribe.

De acordo com o IBGE, em 2019 o Brasil tinha 38,3 milhões de pessoas com idade entre 5 e 17 anos, dentro desse grupo 1,8 milhão estavam em situação de trabalho infantil.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1233 da Revista Dinheiro)