O debate em torno de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 segue intenso. Depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmar que a prioridade é fornecer imunizantes a países subdesenvolvidos, a professora Sarah Gilbert, que liderou a criação da AstraZeneca na Universidade de Oxford, afirmou que aplicar a dose de reforço a todas as pessoas é desnecessário.

Segundo a cientista, a imunidade gerada por duas doses da vacina tem “durado bastante”. Em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph, Gilbert argumenta que grupos vulneráveis (pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidos) precisariam de uma terceira dose, o que não seria uma regra geral.

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“Precisamos levar vacinas para países onde poucas pessoas foram vacinadas até agora”, disse a pesquisadora.

O Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização, órgão britânico que regulamenta a aplicação e distribuição dos imunizantes, disse que vai ofertar a terceira dose a imunossuprimidos, o que representa até 500 mil pessoas no Reino Unido. Contudo, ainda não decidiu sobre ampliar a prática ao resto da população.

Já o secretário de Saúde britânico, Sajid Javid, declarou nesta quinta-feira (9) que estava confiante que um programa de dose de reforço começaria no final deste mês.

“Vamos examinar cada situação. Os imunossuprimidos e os idosos receberão reforços, mas não acho que precisamos dar reforço para todo mundo. A imunidade está durante bastante na maioria das pessoas”, complementou Gilbert, que defende que o Reino Unido ajude países com o fornecimento de vacinas. “Temos que fazer melhor a este respeito. A primeira dose tem o maior impacto”.

O argumento é compartilhado pelo professor Sir Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group. “Há um risco tão grande, moralmente, de nossa perspectiva, há um risco para o comércio, há um risco para as economias, mas são também nossos amigos e colegos que precisam ser protegidos e estamos os perdendo a cada dia que passa”, afirmou à BBC.