Olá, pessoal, tudo bem? Hoje, eu gostaria de conversar sobre o crescimento econômico do Brasil. Depois da tragédia no biênio 2015-2016 (retração de quase 7%), o Produto Interno Bruto ((PIB) do País avançou 1% no ano passado e deve encerrar 2018 com expansão de 1,3%. São, portanto, dois anos de Pibinhos, mas podemos afirmar que saímos da recessão. Para 2019, no entanto, o mercado financeiro projeta um crescimento de 2,53%, a partir de algumas premissas desafiadoras. A pergunta é simples: crescer o dobro no ano que vem é muito otimismo? A resposta não é tão simples assim.

Em primeiro lugar, é preciso salientar que a projeção de 2,53% está no boletim Focus do Banco Central, que colhe cerca de cem estimativas todas as semanas. Como se trata de uma mediana, há instituições financeiras e consultorias que acreditam em expansão maior ou menor do que essa. O banco Santander, por exemplo, está na ponta “otimista”, com previsão de alta de 3,5% do PIB.

Nesta quarta-feira 5, participei de um encontro com a equipe econômica do banco Itaú, capitaneada pelo ex-diretor do Banco Central Mário Mesquita. A projeção do Itaú é de expansão de 2,5% do PIB em 2019, em linha com a mediana do mercado. Essa aceleração econômica no Brasil tem várias premissas – e é aqui que mora o perigo.

No cenário internacional, com tendência de gradual desaceleração, as premissas são: o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) elevará os juros, no máximo, mais três vezes (até 3,25% ao ano); a guerra comercial entre EUA e China não afunda a economia global; a China mantém, ao menos, o patamar de crescimento de 6% do PIB; e a Itália não entra em colapso fiscal.

Convenhamos, há nuvens carregadas que podem naufragar essas premissas. Só para citar um exemplo: se a guerra comercial for intensificada e resultar numa desaceleração do PIB chinês para “apenas” 4,5%, o mundo crescerá 2,5% (ante previsão inicial de 3,5%) e o Brasil voltará a um Pibinho de 1,5%, segundo estimativas do Itaú. Vale a pena bater três vezes na madeira…

No cenário interno, a premissa básica é a de que o governo Bolsonaro vai entregar “alguma” reforma da Previdência. Mesquita e sua equipe acreditam que, pelo menos, a idade mínima e a regra de transição serão aprovadas no Congresso Nacional ainda no primeiro semestre. Sem a reforma da Previdência, não há como ancorar as expectativas fiscais. “Tudo depende das reformas”, afirmou Mesquita diversas vezes, salientando que a equipe econômica do superministro Paulo Guedes também terá de resolver a bomba fiscal em vários Estados.

Em resumo: o pior já passou e o Brasil tem totais condições de crescer mais de 2% no ano que vem. O crédito deve ficar mais barato e, portanto, vai impulsionar ainda mais o consumo, assim como a renda dos trabalhadores tende a se expandir gradativamente. O investimento, aos poucos, voltará a impulsionar a economia, seja na infraestrutura, seja nos parques industriais. O primeiro ano do governo Bolsonaro tem tudo para dar certo na economia. Respondendo à pergunta inicial, não acho que crescer o dobro do ritmo de 2018 seja otimismo, mas não depende apenas do novo presidente da República. Falta combinar com Trump, Xi Jinping e algumas centenas de parlamentares em Brasília.