N a terça-feira 30, um decreto presidencial foi recebido com entusiasmo pelas fintechs que oferecem crédito. A resolução nº 9.544 permite a participação de estrangeiros em até 100% em seu capital social. Sem as barreiras à plena participação internacional nesse segmento, os empresários esperam receber mais recursos, especialmente por meio de aportes de fundos de venture capital, que dedicam-se a adquirir fatias de companhias pequenas e promissoras. “O governo está, literalmente, abrindo o mercado e estimulando a concorrência”, diz Rodrigo Dantas, presidente da plataforma de pagamento Vindi.

Rodrigo Dantas, da Vindi: “O governo está estimulando a concorrência”

Antes da norma, o caminho para investir era árduo e a assinatura do contrato dependia de uma autorização pessoal do presidente da República. “Muitas instituições não conseguiam sobreviver”, afirma Cadu Guidi, diretor da fintech Finanzero, especializada em crédito pessoal. A norma foi vista como um divisor de águas. Agora, o setor deve crescer na mesma velocidade de outros segmentos. Um exemplo é 99 Taxi, comprada em janeiro pela chinesa Didi Chuxing. O aporte de US$ 100 milhões reforçou os investimentos em tecnologia, garantindo que a companhia se mantivesse como a principal concorrente da americana Uber no Brasil. “O apetite do estrangeiro para investir nas fintechs de crédito já é grande. Devemos observar aportes relevantes”, diz Ricardo Kalichstein, presidente da fintech Bom Pra Crédito.

As maiores empresas do segmento, como Creditas, Geru, Lendico devem ser as primeiras a receber recursos e acirrar a competição com os grandes bancos. Os gigantes do varejo concedem 85% dos créditos e até agora a concorrência das fintechs foi pouco relevante. “Os bancões entendem que podem pegar os melhores clientes e deixar os menos interessantes para as fintechs”, diz Guindi. Esse comportamento acaba sendo chancelado pelos clientes de maneira indireta, pois quem busca crédito ainda está acostumado a ir à agência e fazer todo o processo burocrático. Há certa desconfiança em contrair um empréstimo por meio do celular. “Isso tende a mudar à medida que os cliente observarem a expansão natural das empresas. Eles terão, portanto, mais estímulo para comparar as taxas e fazer as melhores escolhas”, diz Guindi.