Os cartões de crédito, débito e pré-pagos devem responder por até 60% dos pagamentos de despesas de consumo das famílias em todo o Brasil até o final do ano. O dinheiro de plástico se consolida como um dos mais importantes meios de pagamentos entre os consumidores brasileiros, deixando o dinheiro em espécie cada vez mais para trás. Em 2021, o segundo ano da pandemia, as compras realizadas por meio do sistema de cartões cresceram 33,1%, movimentando R$ 2,6 trilhões. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), entidade que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, e indicam que até mesmo com a retomada da economia física o cartão segue de forma consistente, mantendo o forte ritmo de crescimento, estimulado pela digitalização das transações. Para 2022, a projeção da Abecs é que os cartões ultrapassem a cifra dos R$ 3 trilhões em movimento.

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Entre as três modalidades de cartão, o de crédito foi o meio que movimentou os maiores valores no ano passado, registrando R$ 1,6 trilhão, um salto de 36,6%. Em seguida, o cartão de débito movimentou R$ 916,3 bilhões, o que corresponde a aumento de 20,2%, e, por último, o cartão pré-pago com R$ 117,1 bilhões, alta de 158,5%. Em quantidade de transações, foram ao todo 31,1 bilhões de pagamentos com cartões, o equivalente a quase 85 milhões por dia, 33,4% a mais do que no ano anterior.

Já no exterior, os gastos dos brasileiros permaneceram mais estáveis em relação a 2020, somando US$ 3,44 bilhões (R$ 18,6 bilhões), redução de 0,7%, refletindo ainda a lentidão da retomada das viagens. Apesar disso, mostraram uma curva ascendente de crescimento ao longo do ano, movimentando US$ 1,19 bilhão (R$ 6,44 bilhões) no 4º trimestre – volume próximo ao registrado antes da pandemia. Já as compras realizadas por estrangeiros no Brasil subiram 13,9%, registrando US$ 2,46 bilhões (R$ 13,3 bilhões).

Para o especialista em pagamentos eletrônicos e CEO da consultoria GMattos, Gastão Mattos, o segmento continua avançando a passos largos com a digitalização da economia. “O ano de 2021 foi de transição para o mercado de pagamentos, com o surgimento do PIX. E se observou que esse período servirá de base para os negócios daqui por diante”, afirmou. Segundo ele, houve um aumento de demanda com o maior entendimento das transações online e das vendas não presenciais. “E essa evolução deve continuar para os próximos anos”.

Uma das grandes inovações do setor, que também caiu no gosto do consumidor brasileiro, foi o pagamento por aproximação. O uso da novidade disparou 384,6% no ano passado, somando R$ 198,9 bilhões em compras. Dessa forma, hoje, de cada quatro transações presenciais com cartões de crédito, uma já é feita por aproximação. A estimativa da Abecs é que, até o fim de 2022, em torno da metade das transações presenciais seja feita por meio dessa tecnologia. Em 2021, o mais usado nessa função foi o cartão de crédito, com R$ 111,1 bilhões (+489,1%), seguido pelo cartão de débito, com R$ 58,1 bilhões (+198%), e pelo cartão pré-pago, com R$ 29,7 bilhões (+1.002%).

Mattos acredita, no entanto, que o avanço do PIX nos pagamentos no mundo físico deve continuar, uma vez que a tecnologia já vem sendo adotada rapidamente nas lojas. Já há até um movimento entre os menores varejos de permitir, em muitos casos, uma venda eletrônica sem a necessidade do uso de terminais POS, as chamadas maquininhas. “A ausência de taxas para transferência entre CPFs gera um real benefício para o vendedor, especialmente o informal, que recebe em sua conta pessoa física o valor da transação”, disse. Porém, o pagamento a vista com PIX deve se manter entre as compras de menor valor. As de maior valor, na opinião do especialista, devem continuar usando o crédito. “Quando a funcionalidade do PIX Parcelado estiver funcionando isso pode mudar, embora sua implementação seja bem mais complexa do que aquela concretizada até o momento”, analisa.

Dados do Banco Central, indicam que o volume de transações feitas com cartões de débito cresceu 42,5% entre o início de 2019 e o final de 2021, atingindo a marca de 2.472.360. Já o número de operações utilizando a modalidade crédito cresceu 58,8% no mesmo período, atingindo 3.338.644. Enquanto isso, o PIX saiu de zero após a implantação em 2020 para 2.899.214, demonstrando a força que a modalidade pode alcançar nos próximos meses.