Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – A CPI da Covid do Senado aprovou nesta quarta-feira requerimentos de convocação da atual presidente da Pfizer no Brasil, Marta Díez, e do ex-presidente do laboratório Carlos Murillo para explicar as tratativas com o governo federal para a venda de vacinas ao Brasil.

Os representantes do laboratório norte-americano devem ser questionados a respeito de documentos enviados apara oferecer o imunizante ao governo ainda em meados do ano passado e sobre a demora para a formalização do acordo, que só ocorreu neste ano. Na semana passada o país recebeu o primeiro lote com 1 milhão de doses.

Outra provável questão a ser abordada com os executivos será entrevista do ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten à revista Veja, na qual ele disse ter sido procurado por representantes do laboratório ante a falta de andamento das tratativas da equipe do Ministério da Saúde comandada à época por Eduardo Pazuello.

Wanjgarten também foi convocado a depor. Tanto ele quanto os representantes da Pfizer devem comparecer à CPI na terça-feira.

Além deles, também foram convocados o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e dirigentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan, assim como representante da União Química, laboratório no país que representa a vacina russa Sputnik V.

GUEDES

Apesar de declarações nos últimos dias, os integrantes da CPI não colocaram em votação um requerimento de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para comparecer ao colegiado.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse ser preciso preservar a imagem da economia brasileira no exterior como justificativa para o fato de o colegiado não ter votado a convocação.

Em entrevista coletiva, Aziz afirmou que não quer defender Guedes, mas citou que o ex-ministro da Saúde Nelson Teich destacou na CPI não terem faltado recursos no enfrentamento à pandemia.

“Estamos seguindo uma cronologia, não estou defendendo o Paulo Guedes, tenho minhas divergências em relação a ele e se aprofundam cada vez mais”, disse o presidente da CPI.

“Mas eu acho que agora, neste momento, nós temos que preservar a imagem brasileira economicamente fora do país”.

Aziz acrescentou, sem dar detalhes, que “num momento certo, acho sim, vamos ter que chamar todo mundo”.

Ao lado de Aziz, o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o problema de Guedes “não é efetivamente esta coisa do recurso, o problema do ministro Paulo Guedes é que ele tem feito declarações estapafúrdias”.

“Essas declarações soam para a gente uma autoconvocação dele, eu não sei se o estado de espírito dele é esse”, destacou.

Na véspera, Renan e o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defenderam a convocação de Guedes após o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ter relatado que havia um distanciamento da equipe econômica no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

A expectativa inicial, segundo Randolfe, era que o pedido de convocação de Guedes fosse votado na quarta-feira logo após o depoimento de Nelson Teich. Contudo, isso não ocorreu.

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH4419Z-BASEIMAGE