Mesmo que em uma escala muito menor do que os adultos, as crianças também podem desenvolver quadros graves da Covid-19. Segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil, os cartórios anotaram 324 óbitos em razão da doença causada pelo Sars-Cov-2 na faixa etária de 5 anos a 11 anos no período entre março de 2020 até agora.

Para especialistas, a faixa etária pode ter complicações principalmente em crianças com menos de 2 anos. Segundo Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, estudos já mostram que crianças menores de 2 anos, com comorbidades e não vacinadas, são as com mais risco.

“Crianças nos extremos na infância – menores que 6 meses e maiores que 11 anos – foram as de maior risco. No entanto, entre 5 e 11 anos os pesquisadores não encontraram diferenças”, completa Miriam.

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De acordo com Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital de Brasília, o risco de contágio segue a mesma lógica dos adultos: quem se expõe mais, corre mais risco. Pensando nisso, as crianças mais novas ficam mais vulneráveis por seguirem menos as medidas preventivas como o uso de máscaras e higienização constante das mãos, por exemplo.

“Uma criança de 5 anos pode correr mais riscos do que uma de 11 por se adequar menos à essas medidas. Em relação aos sintomas, eles são similares aos dos adultos. A maioria das crianças evolui com quadros leves e sintomas parecidos com os do resfriado”, explica Ana.

Além disso, as especialistas destacam que, com o surto de influenza, os pais devem ficar atentos aos sintomas e testar as crianças em caso de suspeita. Com o início do ano letivo, os pais devem avisar as escolas e afastar as crianças até ser confirmada ou descartada a doença respiratória.

Mortes por Covid

O levantamento indica ainda que o maior número de mortes dentro da faixa etária foi registrado entre crianças de 5 anos (65), seguida pelas que tinham 6 anos (47), 7 anos (46) e 11 anos (46). Os óbitos de crianças de dez anos chegaram a 43, as de 9, a 40, e as de 8, 37. Foram 162 falecimentos de crianças do sexo masculino e do sexo feminino.

Entre os Estados, São Paulo foi o que mais registrou óbitos de crianças nesta faixa etária em razão da infecção causada pelo Sars-Cov-2 (22,8%), seguido por Bahia (9,3%), Ceará (6,8%), Minas Gerais (6,5%), Paraná (6,2%), Rio de Janeiro (5,9%) e Rio Grande do Sul (4%). Amapá, Mato Grosso e Tocantins foram as unidades que registraram o menor número de óbitos na faixa etária, diz a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais.

A vacinação da faixa etária foi anunciada pelo governo federal no último dia 4, vinte dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovar o uso de vacina da Pfizer, para tal população. Com a aprovação do Ministério da Saúde, o Brasil dará início a vacinação infantil com o imunizante da Pfizer em fórmula exclusiva à faixa etária aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Confira o calendário previsto para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos:

– Rio de Janeiro: primeira cidade a definir o calendário, a imunização começa em 17 de janeiro para meninas de 11 anos. Meninos recebem as doses a partir de 18 de janeiro;

– São Paulo: ainda não existe definição de quando a campanha de vacinação será iniciada em São Paulo. O estado deve receber as primeiras doses para este público no dia 13 de janeiro. Depois disso, o governo estadual prevê 24h para a distribuição entre os municípios.

– Porto Alegre: início em 19 de janeiro;

– Goiânia: início em 17 de janeiro;

– João Pessoa: início em 16 de janeiro;

– Distrito Federal: início em 16 de janeiro com prioridade a crianças com comorbidades e síndrome de Down;

– Salvador: início em 15 de janeiro;

– Teresina: início em 14 de janeiro;

– Campo Grande: início em 14 de janeiro.